quinta-feira, 14 de outubro de 2010

ACHEI O BAIA

De tempos em tempos me acontecem descobertas musicais incríveis. Sempre uma melodia toca meus tímpanos e me encanta de uma maneira diferente. No entanto, fazia tempo que isso não acontecia. E mais, não me recordo da última vez em que algo contemporâneo foi capaz de me envolver de verdade. Os sons, a maioria das vezes, pertenciam a artistas consagrados que já haviam embarcado no "trem das sete" ou cuja obra parecia que apenas eu não conhecia. Mas há uma semana, mais ou menos, me encontrei com um lançamento que me conquistou por etapas e, desde que ousei fazer o disco rodar, tenho escutado todos os dias - e pesquisado sobre, conversado, testado.


Como costumo fazer uma vez a cada 15 dias, em média, desbravei a montanha de discos e DVDs que se acumulam na redação. Como critério de seleção, separo vários lançamentos que podem ser interessantes. Às vezes são de artistas que curto ou de alguns que gostaria de conhecer melhor. Outras vezes, é a capa do disco, a cara do artista, os nomes das letras ou os convidados especiais que me fazem tirar um CD da estante. Da última vez, foi tudo isso que fez o tal Baia passar pela minha primeira triagem.




Depois de constatar que ninguém por perto sabia do que tratava aquele material azul, fiquei intrigada. Entregue a todos os pré-conceitos e possibilidades, tinha certeza apenas de que era uma banda de rock com alguma pitada de Zé Ramalho, convidado da quarta música do álbum Baia no Circo. O título denuncia outra coisa que merece ser levada em conta. O show foi gravado no lendário Circo Voador, casa de shows da Lapa, bairro boêmio carioca por onde passaram grandes shows do rock nacional. O selo de uma gravadora forte, a Som Livre, por um lado também dá algum crédito.


As constatações aguçaram tão bem minha curiosidade que arranquei sem dó o Aqualang, do Jethro Tull, do meu toca-discos do carro para descobrir o que era Baia antes de sair do estacionamento do jornal. A primeira música, Eus, desestruturou toda minha desconfiança. Depois de uma linda introdução de guitarra, apareceu a voz abaianada daquele que chamei Baia. As frases, quase recitadas como um cordel-roqueiro, devem ter arrancado um sorriso: "eu peço licença nessa hora, pra mostra a minha arte a minha dor, como tudo que é arte é sem pudor, eu coloco a minha alma para fora". Antes de lhe conceder licença, um rock genuíno, com uma letra inteligente e descontráida, como o gênero demanda, invadiu meu ser roqueiro com ondas sonoras consistentes. Pronto, tive a certeza de que adoraria ter aquele som como companhia na volta para casa.

EUS

Desde que eu nasci tô no conflito
Aflito pra saber porque
Com tanta gente que eu podia ser
Eu nasci eu
Perdido entre sentimentos bons
Pequenos delitos e contradições
Entre a luz e o breu

Molho o pão no café e levo fé
Que Deus é preto e fuma cachimbo
Nasce menino, cresce mulher
Vira fumaça, não tem destino
Brinca de roda, roda nos ventos
Dança na chuva, pois é um índio
E cai no frevo, dança bale
No que imagino
Em tudo o que há, Ele é

Mas eu não sou um só
Não sou só um
Eu também sou milhões de eus
Não sou Deus mas sou Eus

Pois sou eu quem acredita em mim
Sou eu quem me explico
Quando me complico
Eu mesmo atendo as minhas preces
Eu mesmo quem ouço
Os meus próprios gritos

Oh, brother!
Buscando a minha própria conclusão
Oh, brother!
Foi Eus quem quis assim
Oh, brother!
Eus é Deus dentro de mim... Graças a Deus


A letra da música que abre o show eu li na internet na mesma noite, desacostumada a averiguar no encarte do disco. O interessante é que encontrei apenas atribuições a Baia e Rockboys na rede. Por algum motivo, naquela noite, todas as minhas recorrências ao Google trouxeram o Baia acompanhado dos garotos do rock; e nada de informações específicas sobre o cara no estilo Wikipedia. Interessada no som, deixei as pesquisas de lado e me dediquei a ouvir música por música. Na mesma ocasião, também tive a chance de apresentar o som à Gláucia e à Vilhena, numa espécie de teste de audiência. A cotação de Baia esteve totalmente positiva, e continua assim.

Em situações adversas, os colegas críticos de trabalho, amigos de diferentes apetições musicais e namorado avaliaram como "muito bom" este rock inédito. Para mim, que tenho ouvido o Baia no Circo pelo menos duas vezes por dia, este é um álbum completo, e não me assustarei caso se torne um bom fenômeno de sucesso. Tem a mesma característica de álbuns clássicos como Dark Side of The Moon, do Pink Floyd, Mais do Mesmo, da Legião Urbana, Líricas, do Zeca Baleiro, Infinito Circular, dos Novos Baianos, Moving Pictures, do Rush, Holy Diver, do Dio, Black Force Domain, do Krisiun, Back in Black, do AC/DC, Sabbath Bloody Sabbath, do Black Sabbath, Rust in Peace, do Megadeth... É bom do começo ao fim. Um clímax só. Não tem música ruim.

Se pode-se eleger um hit do Baia no Circo, o cargo fica com a balada-rock Habeas Corpus. Mais uma vez, a letra inteligente, de poesia peculiar, fica em primeiro plano, o que acontece em todas as músicas. Como geralmente acontece nas baladas-rock-hits, a história fala de um relacionamento amoroso. Mas não esperem uma aura romântica. "Me ameça quando diz eu vou embora, ora, vá, você tem o direito de ir e vir, mas eu também tenho o meu direito de querer ficar, não precisa pedido de habeas corpus, a porta está aberta", diz o refrão. E eu primo por boas letras.


Em tentativas de definir e comparar o som de Baia, passei por vários nomes. O primeiro deles, Raul Seixas, por motivos óbvios. Além de ambos serem baianos e cantarem parecido, o som deles não consegue receber nenhum rótulo que ultrapasse o simples e puro Rock. O segundo músico lembrado é Zé Ramalho. O paraibano faz participação especial na música Tá Tudo Mudando, e deixa clara a semelhança em estilo de compor/traduzir e cantar. No DVD, Baia confirma que sua voz muito o influenciou. Umas duas pessoas disseram que as músicas de Baia parecem com as de Mombojó. NÃO. Eu to falando de rock.


Um dos poucos materiais escritos sobre Baia na internet desvenda algumas dúvidas como esta, de influências. Em seu site oficial, que resolveu aparecer em meu terceiro dia de busca, sua biografia escrita em 2004 fala da proximidade artística com Raul e Ramalho, e lembra de coincidências com o timbre de Bob Dylan e sua dedicação às letras das músicas. Quando eu finalmente resolvi procurar por Rockboys do YouTube, ao invés de Baia, encontrei uma entrevista do Programa do Jô, de 2008. Dividida nas partes I, II e III, a conversa me adiantou muito na busca por quem, afinal, é Baia. Mais que isso, me entreteu bastante. Vale a pena assistir ao menos para rir das loucas histórias. "A professora, coitada, imatura, que não tinha maturidade para receber minha figura, olhou para minha cara e disse: 'mas o que é isto?', aí eu olhei pra ela, eu realmente não sabia o que era aquilo, eu mesmo, naquele lugar", disse Baia.


A entrevista traz duas informações primordiais. A confirmação, pela boca de Maurício Baia (Olha! Agora ele tem nome!), de que as letras são o ponto central de seu trabalho, e a revelação de que estudava filosofia, o que explica o teor seu sua obra (Coincidência: Raul Seixas também estudou filosofia). Um outro ponto que o programa confirmou foi que Baia é doidão. E isso já diz muita coisa. Porém, a apresentação de Jô, apesar de não dizer ladainha, generaliza além da conta. "Ele é um poeta criativo, lidera uma banda alternativa que mistura sons do nordeste com música americana: Baia e Rockboys", define O Gordo, que perde a chance de desvendar o que há por traz do nome Baia. Acho que a presença de ritmos do nordeste é muito sutil, ao menos neste álbum. Eu diria que ele oferece pitadas de ritmos brasileiros ao rock, o que fornece uma identidade nacional som.


Apesar do Baia ser desconhecido, ao menos nos meios onde investiguei, aqui no centro do Brasil, ele tem mais de 10 anos de carreira. Lançou seis discos, de acordo com seu site. Deles, apenas Overdose de Lucidez (DeckDisc/PolyGram) e 4 Cabeça (Bolacha Discos), além do Baia no Circo (Som Livre), pertencem a algum selo comercial. Os demais, Na Fé, Entrada de Emegência e Habeas Corpus, são independentes. Outra coisa intrigante, é o público cativo na gravação do show Baia no Circo, no Rio de Janeiro. A plateia vibrou e cantou todas as músicas, o que se repetiu nos lançamentos em Curitiba e São Paulo.


Caso o show chegue a Brasília, não tenho certeza se o mesmo acontecerá com o público daqui. Mas, pelo menos eu e a quem apresentei o Baia, estaremos vibrantes diante do palco.



Para matar um pouco a curiosidade de quem a tiver, aqui vai as músicas dele que encontrei com qualidade apresentável: Habeas Corpus e Baia e a Doida . Assim, vocês também podem opinar sobre o trabalho do dito cujo.

domingo, 5 de setembro de 2010

A festa de Bregović

Cantor e guitarrista sérvio-bósnio Goran Bregović arma sua tenda cigana em Brasília para dar início à turnê nacional

O guitarrista e compositor chega ao país com a Orquestra para Casamentos e Funerais

Uma celebração à vida. Esta seria uma das definições para a música de Goran Bregović. No duo com a cantora polonesa Kayah, no clipe de “Prawy Do Lewego”, por exemplo, está tudo lá: o som que contagia, a dança que embriaga, a bebida que celebra. A bordo de um barco cujo destino seria desaguar no fim de uma cachoeira – a não ser que ele voasse –, um grupo de violeiros e violinistas acompanhados de uma fanfarra de sopros oferece um banquete sonoro aos passageiros. Não falta também a fartura gastronômica, tudo junto para criar a atmosfera de uma festa de casamento (não tão convencional). E dá-lhe senhores dançando como crianças, uma noiva (Kayah) que chora após se embriagar e um noivo (Bregović) que encontrou, como um marinheiro prestes a aportar, o amor de sua vida pelas lentes de um binóculo.

Essa é a festa de Bregović, que chega agora ao Brasil. É o casamento entre tradição e contemporaneidade para além dos Balcãs, é felicidade pós-guerra estampada num sorriso com dente de ouro – entre outros bordões que tentam se aproximar de sua mistura sonora. Na companhia da Orquestra Para Casamentos e Funerais, o cantor e guitarrista sérvio-bósnio arma por aqui sua tenda cigana feita de lona de circo para o início de sua turnê nacional. A primeira parada da caravana acontece no encerramento do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília com show neste domingo (5), às 19h, na Praça do Museu Nacional da República. Daqui, o grupo segue para Porto Alegre, nos dias 8 e 9 de setembro.

O público brasileiro terá a oportunidade de assistir a Brega – como também é conhecido – tecer ao vivo sua colcha de retalhos eruditos e populares feitos a partir da tradição balcânica e da influência cigana. Ao som de 19 músicos, as apresentações da orquestra costumam fazer muita gente dançar, entoadas também por momentos delicados, costurados por um coro de cantoras búlgaras. Assim como sua terra natal, a antiga Iugoslávia, uma região composta por várias partes às vezes desconexas, a arte de Bregović também é, de certa forma, uma interseção entre diferentes mundos. “Minha música é certamente meio ‘Frankenstein’ também. Porque ela está sob influência de elementos que (em outro lugar) seria impossível misturar", afirma. Em entrevista concedida por e-mail ao Cena Contemporânea, Goran Bregović fala também do estrondoso sucesso alcançado com a extinta banda de rock Bijelo Dugme, da arte como instrumento de mudança e da experiência de produzir trilhas sonoras para filmes como “Vida Cigana” (1988), do cineasta Emir Kusturika.

Cena Contemporânea – Você é um compositor contemporâneo dos Balcãs que faz uma mistura de erudito e popular a partir da tradição. Como é a experiência de levar a música da sua terra para diferentes lugares do mundo?
Goran Bregović – Se eu tivesse nascido há cem anos, eu seria apenas um compositor local dos Bálcãs. Mas é bom sentir que o mundo se tornou mais curioso e é bom que milhares de pessoas das grandes culturas musicais, como alemães, espanhóis, franceses, ingleses, desenvolveram uma certa curiosidade em relação à pequena cultura musical balcânica.


O que você procura alcançar com sua música? Que mensagem pretende passar com álbuns como "Alkohol"?
Agora eu estou muito velho e muito distante dos tempos em que – sem vaidade – imaginei que a arte poderia mudar a ordem das coisas. Mas ainda estou muito jovem para perder a esperança! Entretanto, nos tempos comunistas, a arte e os artistas eram muito importantes. Eles foram os únicos que tiveram a possibilidade de introduzir um sistema de valores que se diferenciasse do sistema oficial – sem que, por isso, fossem parar na cadeia (ou quase). A resistência por meio da cultura e da arte era uma grande causa para os artistas naqueles tempos. Quando essa causa desapareceu, centenas de importantes artistas desse tempo desapareceram também. Cultura é um conceito de valores que se refere a princípios nascidos da política. E subcultura é algo que vem da vida. Assim, quando a sociedade mudou, a subcultura, a mais importante instigadora da cultura, seguiu uma direção diferente.


Bregović: "Sinceramente, não me considero um bom compositor para filmes. Nasci muito tarde para ter a oportunidade de trabalhar com cinema no tempo em que ainda se considerava esta a grande arte do século 20" (foto de Nebojsa Babic)

Entrevista - Segunda parte

Bregović: "O sucesso do meu grupo de rock foi muito grande exatamente porque minha música sempre foi inspirada pela música tradicional e pela inevitável influência cigana" (foto de Stephanie Berger)

Quantas pessoas compõem a Orquestra Para casamentos e Funerais? Qual formação (reduzida ou completa) virá ao Brasil? Farão show de algum álbum específico e também tocarão trilhas sonoras?
Devo ir com minha orquestra, com 19 músicos no palco: um sexteto de vozes masculinas, um quarteto de cordas, mais meus solistas – cinco músicos de sopro, duas vozes búlgaras, um cantor/baterista e eu. Estou muito feliz por estar indo com a formação grande da orquestra porque me dá a oportunidade de apresentar uma variedade maior de músicas. Você ouvirá canções de meu último CD, “Alkohol”; peças da minha ópera “Karmen com um Final Feliz” e o álbum anterior “Contos & Canções de Casamentos e Funerais”, além de algumas velhas favoritas… Mas também devo executar algumas partes de minha liturgia laica, “Meu Coração Tornou-se Tolerante”, e da nova peça “Margot, Memórias de uma Rainha Infeliz”.

Da extinta banda Bijelo Dugme, que misturava rock e música regional, você levou a guitarra para a "Orquestra para Casamentos e Funerais". Você ainda aprecia rock, ouve rock, compõe rock, toca rock?
Eu era o guitarrista principal e – sobretudo – compositor da minha banda Bjelo Dugme. A orquestra com a qual toco minhas músicas agora é a Orquestra para Casamentos e Funerais. Sempre me impressionei muito com a música tradicional. Aos 15 anos, toquei música tradicional como profissional. O sucesso do meu grupo de rock foi muito grande exatamente porque minha música sempre foi inspirada pela música tradicional e pela inevitável influência cigana. Assim, tenho feito praticamente a mesma coisa por toda minha vida. Mas quando eu era mais novo, acreditava que minha música tinha que estar envolvida na vestimenta ocidental que tanto impressionou a juventude dos países comunistas da Europa Oriental. De certo modo, pode-se dizer que sempre toquei a mesma música. Só que antes, eu usava fraldas e agora uso minhas roupas comuns.

Quantas vezes já tocou no Brasil?
GB: Fizemos três apresentações em novembro de 1999, na bela Sala São Paulo, e uma apresentação no Festival Porto Alegre em Cena, em setembro de 2001. Desta vez, não iremos a São Paulo (há planos para janeiro de 2011), mas faremos um concerto em Brasília, no festival Cena Contemporânea, no dia 5 de setembro, e dois shows no Festival Porto Alegre em Cena, dias 8 e 9 de setembro.

Você disse certa vez que a Iugoslávia é a interseção de vários mundos: ortodoxo, católico, muçulmano. Assim como o lugar onde nasceu, sua música é uma espécie de interseção entre mundos diferentes. Como definiria sua música?
A Iugoslávia era um país meio “Frankenstein” – composto de várias partes que às vezes não se encaixavam muito bem. Minha música é, certamente, meio Frankenstein também. Porque ela está sob influência de elementos que, em outro lugar, seria impossível misturar. A Iugoslávia como um país político está perdido para nós, mas permaneceu dentro de cada um como um ente emocional, como um órgão rudimentar que sobrevive à mutação das espécies. Eu diria que minha música é parte desse ente emocional, então, é difícil encontrar uma casa na ex-Iugoslávia que não tenha algum dos meus discos.

Ainda produz trilhas para filmes? Como nasce uma trilha (para um filme de Kusturica, por exemplo)?
Sinceramente, não me considero um bom compositor para filmes. Nasci muito tarde para ter a oportunidade de trabalhar com cinema no tempo em que ainda se considerava esta a grande arte do século 20 e quando compositores – de Stravinsky ao Philip Grass – realmente fizeram música para filmes. Tive sorte, entretanto, de trabalhar com alguns diretores que fizeram filmes com essa ilusão. Mas nos dias de hoje, um filme é só um produto. E como qualquer produto, tudo o que ele precisa é de clichês. Então, posso colocar três ou quatro filmes na minha biografia, mas hoje tenho uma intensa sensação de estar perdendo tempo quando trabalho para filmes.

Quando compus minha primeira trilha, para Vida Cigana, eu era provavelmente a maior estrela de rock do meu país. E fiz aquilo por amizade ao Kusturica. Aquela música foi usada para os filmes, mas nunca foi escrita segundo o método que compositores usam para compor para filmes, o método da ilustração – este existiu independentemente. Hoje, toco minha música da maneira que é escrita originalmente, antes de ter sido adaptada para o cinema. Assim, as imagens não estão organicamente ligadas àquela música.


Duo com a cantora polonesa Kayah, no clipe de “Prawy Do Lewego”: o som que contagia, a dança que embriaga, a bebida que celebra

domingo, 15 de agosto de 2010

O Príncipe das Trevas é Pop



“Diziam que eu nunca escreveria este livro, bom que se fodam porque aqui está ele, agora só preciso me lembrar de algo” é assim que começa a biografia de Ozzy Osbourne - Eu Sou Ozzy (Editora Benvirá) - seguida de um pedido de desculpas por não se lembrar de nada, branco gerado pelo efeito das drogas e do álcool. O livro mostra em 384 páginas toda a trajetória de um dos maiores astros do rock com muito humor- marca registrada do Madman.

Filho de uma famíllia humilde em Birmingham na Inglaterra Ozzy cresceu tendo que conviver com problemas como hiperatividade e dislexia, motivos pelo qual não se saiu bem na escola e acabou visitando brevemente o mundo do crime. Durante muitas tentativas de ganhar dinheiro ele trabalhou em um matadouro de vacas e até em uma fábrica de buzinas mas não permaneceu muito tempo em nenhum dos empregos.

Apesar das dificuldades o Príncipe das Trevas conseguiu se encontrar ao montar uma banda com o fortão da escola, Tommy Iommi. A trajetória do Black Sabbath é contada com muitos detalhes antes não conhecidos pelos fãs como: a saída relâmpago de Tommy para o Jethro Tull e a volta repentina do guitarrista com a ideia que mudaria a vida deles.

É impossível não rir com as histórias estapafúrdias contadas por Ozzy durante a ascensão do Black Sabbath, desde uma bebedeira do cantor que terminou com a morte de suas galinhas- presentes da primeira mulher de Ozzy para ele criar mais responsabilidade - ou a tatuagem feita na palma da mão com a palavra “thanks” para economizar nos cumprimentos.

Apesar de já serem famosos os incidentes com o morcego e os pombos “devorados” por Ozzy é interessante saber das histórias contadas por ele, que confessa se arrepender de muitas coisas feitas durante sua vida mas não as esconde. O livro que permaneceu meses na lista dos mais vendidos do New York Times promete conquistar até quem não conhecia o cantor.

Ozzy Osbourne se revela uma pessoa única, cheia de bebedeiras homéricas em uma vida regada à drogas e rock n´roll mas também mostra uma faceta de homem comum, que se preocupa em envelhecer perto da mulher, cuidando dos filhos e dos cachorros.

sábado, 7 de agosto de 2010

Buteco Cultural

Vasculhando arquivos eis que encontro:






terça-feira, 27 de julho de 2010

Da penumbra para a luz

Com direção do espanhol Borja Ruiz, grupo Kabia apresenta em Brasília dois espetáculos criados sob a sombra da companhia Gaitzerdi Teatro

Cena de “Dizer chuva e que chova”, obra inspirada no imaginário poético do escritor basco Joseba Sarrionaindia (foto: Borja Relaño)

Investigar novas linguagens cênicas é um dos papéis que a companhia espanhola Kabia deve à escola Teatro-Estúdio do mestre russo Constantin Stanislavski (1863-1938), criador do que talvez seja o primeiro laboratório teatral da história, em 1905. Na época, para fazer frente a um aplaudido – porém fossilizado – teatro que tinha como base o naturalismo, Stanislavski fundou uma extensão experimental de seu famoso Teatro de Arte de Moscou. Apesar do fiasco da experiência diante dos espetáculos bem sucedidos da companhia principal (os testes sequer foram apresentados), lançava-se uma das principais características da investigação teatral do século 20: as escolas secundárias como abrigo para trabalhos alternativos ao teatro comercial.

Na penumbra do sucesso da companhia Gaitzerdi Teatro, os atores do Kabia - Espaço de Investigação Dramática, formado em 2006, encontrariam no projeto secundário a intimidade necessária para que criassem suas obras livremente, sem que tivessem a sensação de serem observados ou julgados. É o resultado da ideia de “sombra”, como abrigo para a criação, que o grupo de Bilbao mostra, a partir de 25 de agosto, na programação do Cena Contemporânea 2010 - Festival Internacional de Teatro de Brasília.

Braço experimental da Gaitzerdi – companhia principal dirigida por Kepa Ibarra, criada em 1988 –, o Kabia tem apostado no teatro como resultado da incursão por ambientes em que a experimentação é permitida e levada às últimas consequências. Sem a intenção de emular os grandes artistas, os atores são estimulados a indagar e reeducar-se na arte do teatro. Uma das linhas de atuação propostas pelo espaço, por exemplo, é o constante treinamento do ator, que explora diferentes matérias e linguagens (como acrobacia, clown, biomecânica, antropologia teatral, balé e até canto coral) para ampliar suas capacidades corporais, vocais e mentais.

O grupo espanhol que leva o teatro experimental às últimas consequências em cena de “Dizer chuva e que chova” (foto de Susana Elejalde)

Linguagem experimental
O grupo chega ao país com dois espetáculos dirigidos pelo jovem encenador vanguardista Borja Ruiz, primeiro a receber o Prêmio Internacional Artez Blai de Investigação sobre as Artes Cênicas pelo estudo “A arte do ator no século 20 – Uma viagem teórica e prática pelas vanguardas” (2008), em que compila e compara as teorias da arte da atuação. Ruiz, que também tem no currículo trabalhos como ator para a Gaitzerdi desde 2005 (entre eles o premiado “Otsoko”, de 2008), assina “Dizer chuva e que chova” (2010), obra com livre inspiração no imaginário poético do escritor basco Joseba Sarrionaindia, também conhecido como Sarri. No elenco, Juana Lor, Iosu Florentino, Ane Pikaza, Joseba Uribarri, Karol Benito e Yolanda Bustillo.

Responsável por projetar o nome da companhia que tem renovado a cena teatral com sua linguagem experimental, o espetáculo de estreia do grupo espanhol é outro dos grandes destaques da programação do Cena Contemporânea 2010. Com a intérprete Juana Lor, “Paisagem com Argonautas” tem inspiração num poema do pensador alemão Walter Benjamin, feito a partir de um quadro de Paul Klee, em que um anjo pego pelo vento não pode voltar atrás para desfazer as atrocidades cometidas no mundo. Na peça, o infortunado anjo protagoniza texto homônimo do dramaturgo alemão Heiner Müller sobre os argonautas, lendários heróis gregos que viajaram na mitológica nau Argo em busca do velocino de ouro.

Serviço

Cena Contemporânea 2010 — Festival Internacional de Teatro de Brasília
De 24 de agosto a 5 de setembro, na Praça do Museu Nacional da República e em vários teatros no DF. “Paisagem com Argonautas”: dias 25 e 26 de agosto, às 19h, no Teatro Garagem. “Dizer chuva e que chova”: dias 27 e 28 de agosto, às 21h, e dia 29 de agosto, às 20h, na Sala Martins Penna do Teatro Nacional. Ingressos: R$ 16 e R$ 8 (meia). Informações: 3349-3937. Não recomendado para menores de 14 anos.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Fotografando o espetáculo

Fotos: Fred Cintra. Cenas de A obscena Sra. D / Cena Contemporânea 2009

O Espaço f/508 de Fotografia, em parceria com o Cena Contemporânea 2010 – Festival Internacional de Teatro de Brasília, promoverá a partir do dia 02 de agosto o Curso de Fotografia de Espetáculos. Os alunos terão acesso à programação do festival, que servirá como plataforma para as aulas práticas. O curso destina-se a fotógrafos e interessados de modo geral que tenham interesse na cobertura de peças de teatro, dança, circo e shows.

Esta parceria propiciará ao aluno a experiência direta e a possibilidade de formação de portfólio, dificuldades recorrentes para quem quer se dedicar a esse segmento da fotografia.

Em 2010, o Cena Contemporânea chega à sua décima primeira edição, com uma programação diversificada, que inclui espetáculos nacionais e internacionais, oficinas, seminários, projeções, festas e grandes shows ao ar livre.

Pré-requisito:
Os pré-requisitos visam ao melhor aproveitamento dos participantes. Para participar é necessário ter domínio de fotometria e possuir equipamento DSLR, além de teleobjetiva zoom (aconselhável no mínimo 70-200mm).

Horário:
Aula teórica - Segunda: 19h às 20h30
Aula prática – Festival Cena Contemporânea

Duração: 02 de agosto a 20 de setembro
Total de aulas teóricas: 08
Carga horária: 12h/aula

Período de matrículas: até 26 de julho
Professor
Humberto Lemos. Fotógrafo há mais de 25 anos, atuou no mercado de fotografia publicitária e de shows do Rio de Janeiro, atendendo a grandes clientes como White Martins, Shell, Coca-cola, Souza Cruz, Bradesco Seguros e junto às maiores gravadoras do Rio. Foi fotógrafo exclusivo do Free Jazz Festival para a Souza Cruz (Rio e São Paulo). Cobriu shows de importantes músicos, como: Sonny Rolins, Chet Baker, Pat Metheny, Bob McFerrin, Chick Corea Electric Band, Take 6, Nina Simone, Sarah Vaughan, Grover Washignton Jr., Stanley Jordan, Miles Davis, David Sanborn, Spyro Gyra, Art Blakey, Yellow Jackets, John Mayall, John Lee Hooker, George Benson, Ray Charles, Wynton e Branford Marsalis, entre vários outros.

Programa:
.Diferentes posturas para espetáculos de dança, teatro e shows;
.Equipamentos utilizados;
.Análise da iluminação do espetáculo;
.Balanço do branco (temperatura de cor), auto-foco/foco manual, escolha da velocidade do obturador, abertura do diafragma, ISO, “puxadas”;
.Seqüência de imagens;
.Momento do clique;
.Bastidores, ensaios e cena;
.Fotos de bandas/grupos;
.Análise das fotos produzidas.

Certificado.

Investimento: R$ 500,00
Valor com desconto para pagamento à vista: R$ 400,00 (em dinheiro ou cheque)

Dúvidas freqüentes

Como os alunos terão acesso aos espetáculos?
O Cena Contemporânea irá liberar convites para os espetáculos, conforme seleção da equipe, os quais serão distribuídos pelo f/508 aos alunos, de forma que cada um possa cobrir o mínimo de 03 eventos. Dada a complexidade do trabalho e em respeito aos espetáculos, serão selecionados 02 alunos por evento, a serem estipulados pelo f/508.

O acesso será gratuito?
O acesso já está incluso no valor do curso.

Há alguma regra sobre a divulgação das imagens?
O Cena Contemporânea poderá fazer uso das imagens, desde que exclusivamente vinculado à divulgação do festival e com os devidos créditos atribuídos ao autor. Os alunos poderão utilizar o material produzido em suas páginas pessoais, sem restrições, reforçando um dos objetivos do curso que é possibilitar aos participantes a formação de portfólio.

As aulas serão todas às segundas?
As aulas teóricas serão sempre às segundas e as práticas, distribuídas ao longo da semana no festival.

Cronograma
02/08: Aula teórica - show
09/08: Aula teórica - teatro
16/08 : Aula teórica – dança
23/08: Orientação e sorteio dos espetáculos
24 a 29/08: Prática no Cena Contemporânea
30/08: Aula teórica/ análise do material produzido
31/08 a 05/09: Prática no Cena Contemporânea
06/09: Aula teórica/ análise do material produzido
11/09 (sábado): Prática – Foto de divulgação de banda/grupo – locação externa
13/09: Aula final/ Apresentação de Portfólio

Mais informações:
Tels.: 61. 3347 3985 / 8414 8926
e-mail: fotoclubef508@gmail.com

(Fonte: Fotoclube f/508: http://www.fotoclubef508.com)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Valquírias Midiáticas


Livro mostra tragetória de sete jornalistas na defesa dos Direitos da Comunicação.

Enquanto a categoria se mobiliza pela obrigatoriedade do diploma, os jornalistas José Marques de Melo e Francisco de Assis lançam o livro "Valquirias Midiáticas" (Editora Arte e Ciência), com a luta de sete mulheres ícones na atuação acadêmica do jornalismo.

O livro mostra a trajetória de Adísia Sá, Anamaria Fadul, Cremilda Medina, Lucia Santaella, Maria Immaculada Vassallo de Lopes, Sonia Virgínia Moreira e Zélia Leal Adguirni. O título do livro, Valquírias Midiáticas, remete à primeira revista feminina do Brasil - Walkyrias -, lançada na década de 1930 pela jornalista-empresária Jenny Pimentel de Borba, época da Constituição de 1934, que garantiu o direito de voto à mulher e que a incentivava a tomar consciência de seu papel de cidadã.

Quem são as Valquírias Midiáticas?

Adísia Sá - cearense, foi primeira mulher a integrar uma redação de jornal, a Gazeta de Notícias, em 1955. Foi a primeira repórter policial feminina, primeira mulher sindicalizada no estado do Ceará e fundadora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará.

Anamaria Fadul - pesquisadora da comunicação no Brasil e América Latina, foi presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM) de 1983 a 1985. Analista da qualidade das escolas de Comunicação e o papel da televisão na sociedade brasileira.

Cremilda Medina - portuguesa de nascimento, a jornalista foi uma das pioneiras no curso de jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e teve destaca atuação na mídia paulista - Jornal da Tarde, Tv Bandeirantes, Tv Cultura - e na vida acadêmica na Universidade de S.Paulo.

Lucia Santaella - uma das principais referências nacional e internacional sobre estudos da Semiótica, com atuação de estudos em Tecnologia e Cibercultura pela PUC-SP, foi articulista de artes e literatura do Jornal da Tarde. Suas pesquisas de semiótica integram as tendências em artes tecnológicas.

Maria Immaculata Vassallo de Lopes - acadêmica da USP nos anos 60, estuda a influência das comunicações populares na vida comunitária. Foi presidente da Intercom, de 1995- 1997.

Sonia Virginia Moreira - formada pela Universidade Gama Filho (RJ), atuou na Rádio Jornal do Brasil durante a ditadura. É pesquisadora de comunicação em rádio. Autora do livro - Rádio Nacional- o Brasil em sintonia.

Zélia Leal Adghirni - acadêmica da Universidade de Brasília (UNB), destaca-se pelo estudo do papel do jornalista no contexto do século XXI. Atuou na imprensa marroquina nos anos 80 e trabalhou nas sucursais dos jornais Zero Hora e O Estado de S.Paulo nos anos 90.

Valquírias Midiáticas

Organizadores - José Marques de Melo e Francisco de Assis
335 páginas
Preço: R$ 64,00
Editora Arte e Ciência

Isabella Encantadora


A cantora e compositora Isabella Taviani traz para Brasília o repertório do CD “Meu coração não quer viver batendo devagar”, lançado em 2009. Serão duas apresentações, nos dias 18 e 19 de junho, sexta e sábado, às 21h, no Teatro Oi Brasília, pelo Projeto “Encantadoras”. "É maravilhoso retornar a Brasília participando de um projeto que já trouxe tanta artista bacana a esta terra! Com um nome deste, o projeto tinha que ser um sucesso!", enfatiza Isabella.

Sobre Isabella Tavianni

Quem conhece Isabella Taviani entende bem o nome de seu novo álbum. A cantora e compositora de sucessos como “Digitais”, “Luxúria” e “Diga sim pra mim”, gosta de emoções fortes e agora se arrisca em parcerias com amigos. “Meu coração não quer viver batendo devagar” tem 14 faixas, sendo que 13 levam sua assinatura, como o primeiro single “Presente-passado”. A única música que não é de sua autoria ou coautoria é “Sob medida”, de Chico Buarque, gravada por ela especialmente para a novela “Caminho das Índias” e que entrou neste CD como faixa bônus.

Produzido por Rodrigo Campello e Jr Tostoi (MiniStereo), o álbum é a base do repertório deste show. Além dos sucessos anteriores e o novo single, estão garantidas as músicas “Eu não moro na sua vida” (Isabella Taviani e Dudu Falcão), “Argumentos da vida” (dela com Jorge Vercillo), “Arranjo” (dela com Zélia Duncan) e “Depois da chuva” (Isabella, Jorge e Zélia).

Projeto Encantadoras

Reunir cantoras consagradas e abrir espaço para novos talentos, que ocupa parte da programação do Teatro Oi Brasília no primeiro semestre. Iniciado em 2009, Encantadoras já trouxe a Brasília Fernanda Abreu, Zélia Duncan, Maria Gadú, Paula Tesser, Bruna Caram, Ana Costa, Ana Ratto.

Serviço: Isabella Taviani. 18 e 19 de junho, no teatro Oi Brasília (SHTN Trecho 1, conjunto 1B, bloco C, no Hotel Alvorada Tulip ). R$40 (meia). Classificação: 14 anos.

A cultura da cachaça

Eu estava vendo umas fotos de uma amiga que viajou por Minas Gerais e encontrei uma imagem muito explicativa. Como estamos no Buteco Cultural, acho que esta sabedoria tem extrema relevância para nosso papo. Compartilhemos: