segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Já ouvi, posso morrer II

Parece, mas não é uma tarefa fácil. Primeiro vem uma pré-lista, um pré-ranking. “Opa, faltou esse. Tira aquele.” Quase um mês depois, aí está mais uma lista de álbuns obrigatórios. Eclética? Sim. Bandas, duplas, grandes encontros que mudaram a história da música – mundial e brasileira.


10 Gotan Project – La Revancha Del Tango (2001)

Somente a mistura entre um francês, um argentino e um suíço seria capaz de dar origem a um trabalho inovador como esse. La Revancha Del Tango é a materialização do experimentalismo do trio cosmopolita que toca tango com arranjos eletrônicos. Disco irresistível para as horas vagas do dia.

9 The B-52s – Time Capsule (1998)

Sou contra coletâneas, mas esta não poderia faltar. Os B-52s existem desde 1976 e Time Capsule reúne o que a banda de visual psicodélico e futurista fez de melhor ao longo de todos esses anos. Além das clássicas Private Idaho e Love Shack, o disco tem músicas irreverentes com letras impagáveis como Strobe Light e Legal Tender.

8 Limp Bizkit – Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water (2000)

Um adolescente compra um disco de músicas pesadas com o aviso “Contém Letras Explícitas” e pensa: “sou diferente de todos”. Com o passar dos anos, aquilo parece pouco em meio a toda a produção musical mundial. Mesmo assim, Chocolate Starfish fica na memória. Desde as melancólicas, como It’ll be Ok, às mais ácidas, como Livin’ it Up.

7 Nirvana – Nevermind (1991)

O grunge não seria a mesma coisa sem Nevermind. Todos sabem disso. E é por isso que o disco faz parte do TOP 10 de muita gente pelo mundo afora. Sem mais comentários e sem menosprezar as demais faixas, registro aqui as preferidas: Smells Like Teen Spirit (óbvio), In Bloom, Lithium e Polly.

6 Secos e Molhados – Secos e Molhados (1973)

É do Brasil ditatorial que surgiram os trabalhos mais fascinantes. Nesse cenário, o compositor João Ricardo juntou-se a Ney Matogrosso e Gerson Conrad. Pintaram os rostos, vestiram roupas extravagantes e decidiram rebolar para o país. Por detrás do gingado, a coragem de criticar o regime militar em músicas como Assim Assado e Primavera nos Dentes.

5 Franz Ferdinand – Franz Ferdinand (2004)

Alternativo, oitentista e geek. Assim pode ser definido o trabalho do Franz Ferdinand. A banda é formada por escoceses de Glasgow que, neste álbum, vão do indie ao pop. Destaque para: The Dark of the Matinee e This Fire. Vale lembrar que Take me Out já consta como uma das músicas mais populares da primeira década dos anos 2000.

4 Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede – Vagabundo (2004)

A arte de Ney encontra a criatividade de Pedro Luís e resulta em Vagabundo. Sofisticado, o disco é um culto à música brasileira de qualidade. Letras engajadas (Seres Tupy e O Mundo), faixas cômicas (Napoleão), versos poéticos (Noite Severina) e regravações históricas (A Ordem é Samba e Transpiração). Seleção imperdível e para todos os gostos.

3 Daft Punk – Discovery (2001)

Em tempos áureos das chamadas festas rave, não esqueçamos a verdadeira música eletrônica de artistas como Daft Punk. A dupla de franceses mascarados fez um trabalho de peso, que inclui ícones como One More Time, Digital Love e Harder, better, faster, stronger. As faixas de Discovery deram origem também ao longa Interstella 5555, baseado em animações japonesas.

2 Os Mutantes – Tecnicolor (1999)

No auge do sucesso, em 1970, Rita Lee e os Mutantes gravaram Tecnicolor, em Paris. O projeto saiu da gaveta somente em 1999, quando a gravadora Universal decidiu lançá-lo. Vieram à tona versões em inglês de músicas já conhecidas, como Panis et Circenses e Baby. Há espaço ainda para a balada progressiva I’m Sorry Baby, para as brasileiríssimas Adeus, Maria Fulô e She's My Shoo Shoo (A Minha Menina) e para a psicodélica Bat Macumba.

1 Green Day – Dookie (1994)

Quando lançaram Dookie, os californianos do Green Day eram a aposta do punk rock. Quem acreditou estava certo. As faixas deste álbum viraram verdadeiros hinos para adolescentes revoltados dos anos 90. Músicas sobre masturbação e falta do que fazer (Longview e Basket Case), dor de cotovelo (When I Come Around), entre outros assuntos e um bônus com All By Myself em uma versão amadora. Disco agressivo, marcante, inesperado e obrigatório.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Já ouvi, posso morrer

O post da vez é pra abrir a série 10 álbuns que já ouvi, posso morrer (rs)*, na qual TODOS os editores do buteco cultural deverão contribuir - na verdade, nem todos foram consultados e o nome dado a isso foi meu, mas acredito que vai variar em cada listinha.

Tudo começou num dia random dessa semana, quando eu, a Glaucia, o Lucas e a Vilhena estávamos conversando sobre nossos gostos musicais no horário (chuvoso) de almoço. Então tivemos a (nada original) idéia** de postarmos aqui listas comentadas dos álbuns que mais marcaram nossas vidas (snif).

Como os três ficaram com preguiça de iniciar a miséria, já que isso implicaria em também estabelecer um padrão para os posts, fui obrigado - sob a ameaça de ter cigarros apagados na minha cabeça - a ser o primeiro.

E COMO foi difícil apontar apenas 10 álbuns, gente! Foi difícil, foi injusto, mas foi bem legal.

A seguir, os discos mais importantes da minha vida (pelo menos até ontem, quando achei um tempinho pra elaborar o negócio):


10 John Coltrane - A Love Supreme (1965)

Talvez o trabalho mais cultuado do deus John Coltrane. E, certamente, não é para menos. São quatro faixas de uma das gravações mais importantes da história do jazz (leia-se: música). Acknowledgement, Resolution, Pursuance, Psalm. Pura elegância e magnificência.

9 Sigur Rós - Ágætis byrjun (1999)

De início, não precisei nem ao menos entender o significado das letras, porque o ambiente proporcionado por instrumentos e vozes já parece dizer tudo. Som atmosférico, etéreo, feito para elevar a alma. Um trabalho delicado, doce e confortante. Mágico, para resumir. Starálfur é um encanto.

8 Miles Davis - Seven Steps to Heaven (1963)

Eu poderia colocar o Kind of Blue aqui, mas o trabalho do Miles desta posição foi o que me fez realmente gostar do jazz nunca enfadonho e sempre criativo desse trompetista genial (e essencial). O instrumental de I Fall In Love Too Easily (cuja interpretação de Chet Baker é absurdamente linda e sentimental, uma das minhas coisas favoritas dentro do jazz), a faixa mais cool do disco, é divino.

7 Sylvia Telles, Lúcio Alves & Roberto Menescal - Bossa Session (1964)

Ouço sempre com um sorriso largo no rosto. O que vou dizer vai parecer ridículo, mas esse é o álbum mais alegre e divertido que os meus ouvidos já tiveram o prazer de apreciar. A must, mesmo para quem não gosta de bossa nova.

6 Pavement - Crooked Rain, Crooked Rain (1994)

O álbum aqui colocado em sexto é um lo-fi impecável, embalado pela voz inconfundível de Stephen Malkmus (no meu ranking mental de melhores vozes masculinas de rock, só fica atrás de Jeff Buckley), e ainda um marco na cena indie dos anos 90. Aliás, um marco não, o marco, o melhor álbum indie da última década. Elevate Me Later e Gold Soundz não saem nunca mais da minha cabeça. Fillmore Jive, Newark Wilder e Range Life são composições primorosas.

5 Astrud Gilberto - The Astrud Gilberto Album (1964)

A minha iniciação na bossa nova se deu pela voz da Astrud Gilberto. Ela não teve (tem) o vigor de Elis Regina e Nara Leão, ou a delicadeza de Sylvinha Telles (e olha que a Astrud é sensível, viu...), mas é dona da voz feminina que mais me encanta. Nunca vou me esquecer da sensação maravilhosa que tive quando da primeira audição da faixa inicial, Once I Loved. Tive uma súbita certeza de que o restante do álbum seria de uma leveza, de uma singeleza que me marcariam para sempre.

4 Radiohead - Ok Computer (1997)

Foi aqui que eu conheci a minha banda favorita. À primeira audição, desconforto. Após umas dez, a constatação (clichê, quase todos os reviews já disseram, dizem e vão dizer isso, mas aí vai, em palavras minhas): um dos cinco, dez melhores álbuns de rock da história. Let Down, talvez, a canção da minha vida (arrepiei). E Climbing Up the Walls (meu tema stalker, hehe), a mais visceral, sinistra e belamente sombria que já ouvi. A inventividade do Radiohead aqui é algo magistral.

3 Bob Dylan - Blood on the Tracks (1975)

Talvez não seja, melodicamente falando, o melhor trabalho do Dylan. Mas é um vindo da alma de um dos maiores poetas musicais vivos. ALERTA: Simple Twist of Fate, Shelter from the Storm e You're Gonna Make Me Lonesome When You Go podem levar você às lágrimas. Apaixonante.

2 John Coltrane - Coltrane Live at Birdland (1964)

Basta dizer que Afro Blue, Alabama e I Want to Talk About You são as músicas instrumentais de jazz da minha vida, sem exageros. A última faixa citada é arrepiante. E vivo cantarolando loucamente trechos desse álbum por aí. Coltrane foi (é) o maior.

1 Radiohead - The Bends (1995)

Enérgico, melancólico, vibrante. O álbum que reúne tudo aquilo que o Radiohead tem de melhor, num equilíbrio lírico e musical que inexiste em qualquer outro trabalho da banda de rock mais importante dos últimos 20 anos. Amo cada faixa do disco, até mesmo (Nice Dream) e Sulk, underrated ao extremo.


*Quem quiser (noobs) fazer download (ilegal, claro) dos discos deve pedir via comentário.
**Só pra deixar registrado que eu NÃO aderi ao Acordo Ortotrágico.