terça-feira, 31 de março de 2009

Mamãe eu quero ser um Pumpkins



















Nessa última semana, nós fãs (pelo menos eu) do Smashing Pumpkins soubemos da saída do baterista Jimmy Chamberlin da banda. Mas agora, uma notícia mais empolgante vem à tona. Billy Corgan está a procura de um substituto e resolveu abrir um concurso para encontrar o novo integrante.Yeah baby! A abertura oficial foi feita nessa terça feira (31/03), e a seleção acontecerá no dia 10 de abril. Os interessados devem mandar o currículo com fotos e vídeos para o email pumpkinsdrummer@gmail.com.

Apesar de Corgan ser o único integrante original da banda, nessas horas você se pergunta: Porque eu não larguei tudo e decidi ser um grande astro de rock? Só a entrevista desse emprego já valia a pena...

Fotógrafo da alma

Divulgação
O cineasta sueco Ingmar Bergman (1918 – 2007) ganha mostra e curso no Espaço Marcantonio Vilaça













O jornalista, sociólogo e professor de cinema Sérgio Moriconi considera que Ingmar Bergman está entre os autores eternos do cinema, entre muitos motivos, por ser detentor de uma visão de mundo própria. Com sua estética particular, reflete sobre questões existenciais, como a morte, a solidão e a fé. Curador da "Mostra Ingmar Bergman", que começa amanhã e vai até domingo no Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, Moriconi também ministrará um curso sobre o tema, no mesmo local.

A mostra composta de dez filmes integra e antecede o curso "O fotógrafo da alma: O cinema de Ingmar Bergman". Devido à vasta extensão da filmografia de Bergman, o curador explica que optou por estender os títulos na mostra, a fim de complementar o que vai ser visto no curso e oferecer uma visão melhor da obra como um todo.

"A minha curadoria tratou de mostrar como o cineasta foi aperfeiçoando sua estética, que amadureceu e se consolidou em 1957 com o filme marco que define seu cinema: "Morangos silvestres" – este com estilo diferente de seus primeiros filmes, que começaram tateando por entre o noir e o melodrama mexicano, por exemplo", explica. A mostra tem início com sessão de "Porto" (1948), às 18h30, e de "Prisão" (1948/49), às 20h30.

O curso vai se debruçar sobre as características que fizeram da obra de Bergman uma das mais relevantes manifestações da arte do século 20. Filmes inéditos do primeiro Bergman (final dos anos 40 início dos 50), assim como todas as suas obras-primas do período médio e da maturidade compõem o programa.

Serviço
Mostra Ingmar Bergman – Mostra de filmes do diretor sueco. Até sexta, das 18h30 às 22h, e sábado e domingo, das 16h às 19h30, no Auditório Ministro Pereira Lira, ao lado do Espaço Cultural Marcantonio Vilaça do Tribunal de Contas da União (SAFS, Quadra 4, Lote 1). Entrada franca. Programação e sinopses dos filmes no site: www.tcu.gov.br/espacocultural. Não recomendado para menores de 16 anos.
O fotógrafo da alma: O cinema de Ingmar Bergman – Curso de 13 a 17 de abril. Inscrições até 9 de abril pelo site. Taxa: R$ 15. Informações: 3316-5221.

África em película


Produções cinematográficas africanas estão em cartaz a partir de hoje (31 de março) nas salas de cinema do Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra Clássicos Africanos Restaurado é uma parceria do CCBB com a Embaixada da França e apresenta 16 filmes - entre curtas, média e longas-metragens, produzidos entre as décadas de 1950 e 1990 por cineastas no continente.

Para ver a programação e horário das sessões, clique aqui. E para ler as sinopses, clique aqui.

Clássicos Africanos Restaurado
31 de março a 12 de abril de 2009
R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia)
CCBB – Próximo a Ponte JK
Classificação: 14 anos
Apoio: Cinemateca da Embaixada da França

Foto: divulgação

segunda-feira, 30 de março de 2009

Espelho novo, cara nova

Apresentado e dirigido por Lázaro Ramos, "Espelho" estreia quarta temporada hoje no Canal Brasil

Debora 70
Para Lázaro, o programa tem o objetivo de mostrar assuntos relevantes que têm pouca projeção na TV





Marlon Maciel
Especial para o Jornal de Brasília

Cada ano que passa é uma espécie de gincana protagonizada pelo ator e diretor Lázaro Ramos. Ele precisa se esforçar constantemente diante dos eventuais obstáculos surgidos para que uma nova sequência do programa "Espelho", do qual é apresentador e diretor, fique pronta. É a sensação que ele tem ao estrear a quarta temporada do programa no Canal Brasil. "A cada anos estamos nos renovando. Porque mudar o formato de um programa a todo ano não é fácil. Conseguir assuntos que dêem fôlego ao programa não é fácil", avalia.

Mas ao mesmo tempo, o desafio é o que deixa a equipe animada, segundo ele. "É o que faz com que fazer esse programa nesse canal ainda seja interessante", afirma. "Espelho" estreia sua quarta temporada com mais programas e novidades. Com 26 episódios (a última temporada teve 22) de 25 minutos cada, o programa continua a não ter um formato definido. Com a linguagem mais próxima da dos documentários, a partir de agora terá a presença da jornalista Sandra Almada e de seis jovens atores, entre 13 e 15 anos, do grupo Nós do Morro, que se fazem às vezes de repórteres.

O episódio de estreia intitulado "Estilhaços", que vai ao ar hoje às 21h30, faz um resumo de todas as temporadas do ano e apresenta as mudanças (caso dos novos repórteres, por exemplo). "Uma coisa que me deixou muito feliz esse ano é que a gente consolidou um formato de trazer para a televisão assuntos importantes de uma maneira agradável", sublinha Lázaro. O ator também considera importante ter novas parcerias no programa, já que antes dirigia, apresentava e entrevistava sozinho.

"Agora tem um repórter que faz matérias especiais, adolescentes que fazem reportagens de rua. E esse ano, como temos essa equipe maior, eram mais cabeças pensando, eu acho que todos os temas têm mais profundidade", salienta. Lázaro define o formato do programa como um híbrido de entrevista e minidocumentário. Mas recua um segundo depois: "Bom, isso não define bem porque a cada programa esse formato vai se alternando".

Para o âncora do "Espelho", uma das vantagens dos novos episódios está na riqueza de detalhes. "A gente não precisa contar toda uma história nos 25 minutos. Às vezes contamos em dois ou até em três programas – o que faz com que tenhamos programas com mais conteúdo mesmo, pois não ficamos contando com pressa em 25 minutos". Um blog especial foi criado para o programa. Ele traz assuntos adicionais às entrevistas, onde o público poderá ampliar o campo de discussão.

Câmera na mão
Nessa temporada, a equipe tenta fazer um filme a cada episódio. Na semana que vem, o programa será o mini-documentário feito por Lázaro Ramos na posse de Obama. Ele faz o trajeto de um cidadão comum que tenta encontrar um espaço para ver e ouvir o presidente americano em seu discurso de posse. "Foi sensacional presenciar esse momento histórico. Eu acho que na vida, nunca tinha participado de um momento tão importante na história mundial. Principalmente porque eu acho que estive em um lugar que eu deveria estar".

Na semana seguinte, o convidado será o cantor e compositor Seu Jorge. Dividido em dois episódios que serão exibidos nos dias 13 e 20 de abril, o programa foi gravado nas ruas do Rio de Janeiro. Seu Jorge foi recebido por Lázaro no aeroporto Santos Dumont. O bate-papo começa no carro e segue até o Centro, onde o cantor fez sua primeira apresentação no bar Suburban Dreams. Entremeado por canções, Seu Jorge revela momentos difíceis da infância pobre em Belford Roxo e da época que morou nas ruas da cidade.

A nova temporada traz entrevistas com músicos, cineastas, atores, dramaturgos, professores, doutores, fotógrafos e escritores. Entre os convidados, estão nomes como Gilberto Gil, Luiz Melodia, Augusto Boal, Abdias Nascimento, Sylvio Back e Dona Chica Xavier. Alguns programas temáticos ganharam dois ou três episódios para que o assunto em questão fosse mais explorado.

“Hoje, o 'Espelho' é para mostrar assuntos relevantes que têm pouca projeção na TV”, destaca o apresentador. Perguntado se a TV brasileira, tanto paga como aberta, precisa de mais programas como esse, Lázaro é categórico em seu "Sim". Ele defende que a programação precisa estar mais aberta a pessoas com uma câmera na mão – o que renova a televisão, em sua opinião. "Mas, ao mesmo tempo, acho que a tendência é essa com o advento do digital: todo mundo participar com a sua câmera na mão e dar o seu depoimento. E eu acho que o público deseja isso. Não é à toda que esse é um dos programas de maior visibilidade dentro do canal", conclui.

Ao longo da temporada, serão abordados temas como: educação brasileira (Trilogia da Educação), saúde emocional e psíquica da população negra (Trilogia da Mente), fotógrafos negros (Fotografia I e II) e o corpo negro na dança através do jongo, balé, capoeira e hip hop (Corpo Negro I, II e III). Há também um episódio sobre dicas de preservação da natureza (Prática da Preservação) e outro que foi gravado no Harlem, que mostra a vida cultural do famoso bairro de Nova York.

No momento, Lázaro participa de um filme coproduzido pelo Canal Brasil sobre um contista brasileiro de nome ainda não revelado. O longa será composto por quatro curtas e um deles tem direção de Lázaro. O ator também está na última semana de gravação da tragicomédia "Amanhã nunca mais", de Tadeu Jungle, que conta a história de uma noite na vida de um médico anestesista que trabalha tanto que se esquece de ter prazer. A previsão de estreia do longa de Tadeu é para o fim do ano.

Serviço
Espelho – Estreia da quarta temporada hoje, às 21h30, no Canal Brasil. Horário alternativo: amanhã, às 16h, e sábado, às 12h30. Próximos programas: Posse de Obama (06/04) e Seu Jorge (13/04). Classificação livre.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Repórter musical



Vilhena Soares
Colaboração para
o Aqui-DF
com modificações


Odair José se apresenta em Brasília nessa semana com seu estilo irreverente e único em evento cultural que divulga o trabalho de artistas da cidade


"Vamos fazer dessa noite/ a noite mais linda do mundo /vamos viver nessa noite /a vida inteira num segundo/ felicidade não existe/ o que existe na vida /são momentos felizes ". Esse é o refrão da música "A noite mais linda do mundo" sucesso conhecido de Odair José, um dos cantores populares mais famosos no Brasil, que vai fazer a alegria de seus fãs ao se apresentar nesse sábado no projeto "Cultura em Movimento" no Recanto das Emas . O evento aproveita a presença de nomes conhecidos da música para divulgar o trabalho de artistas locais.


Odair José nasceu em Morrinhos, no estado de Goiás, e é um exemplo de cantores que se destacaram fora de sua terra natal. Ele saiu de sua casa rumo ao Rio de Janeiro com apenas 17 anos, sem avisar aos seus pais, que não apoiavam a escolha de sua profissão. "Eu fugi de casa e resolvi lutar pelo que queria. Recebi um conselho de Roberto Carlos, quando ele passou por Goiânia, e disse que gostava das minhas músicas, tomei coragem e segui", contou. O cantor apóia a idéia do projeto da cidade e incentiva os novos artistas a não abandonarem os sonhos no meio do caminho . "Não desista no primeiro não, porque no terceiro você pode conseguir conquistar o seu espaço", aconselhou.


Odair José é conhecido pelas suas composições, que contam situações do cotidiano. O cantor da pílula, um dos nomes ao qual era chamado na década de 70, trata de temas polêmicos em suas músicas, como conflitos de amor e sexo usando uma linguagem clara e objetiva, uma de suas características mais marcantes de seu trabalho. "Me considero um cronista, não um cantor, mas um repórter musical. Passo para as pessoas histórias comuns, acredito que seja esse o motivo do meu público se identificar", disse.


O cantor foi um dos escolhidos para se apresentar no Cultura em Movimento pelo seu sucesso com os moradores da cidade. Ele diz que esta animado em se apresentar novamente em Brasília e conta que tem muito carinho pela cidade. " Gosto muito da capital. Não só por ser próximo ao estado em que nasci, mas pelo seu público que é sempre muito acolhedor ", elogiou.


Mais espaço para o POPular

O "Cultura em Movimento" foi idealizado pelo Instituto Arte e Cia de Cidadania (IACC),centro formado por moradores de Samambaia que apóia a arte. O grupo criou o projeto para ajudar a divulgar o trabalho de artistas da cidade. O organizador do instituto e do evento, Risomar Carvalho , explica como surgiu a idéia. "Percebemos que as cidades satélites de Brasília estão cheias de artistas, mas que não são conhecidos e nem tem condições de divulgar seus trabalhos. Por meio desse evento nós vamos encontrar esses nomes e reunir todos em um catálogo." explicou.


O Instituto fez um levantamento com todos os artistas da cidade, e irá reunir os contatos sobre seu trabalho em um grande listagem, que será distribuída em pontos da cidade. "O catálogo será distribuído no dia 22 de agosto, quando se encerra o evento, em hotéis e vários bares de Brasília, para que interessados em contratar os artistas para apresentações em festas e shows, saibam como encontrá-los", complementou Risomar.


O "Cultura em Movimento" irá passar por sete cidades no Distrito Federal. A sua próxima edição está marcada para o dia quatro de abril, no estádio do Gama, com um show de Alceu Valença. "Escolhemos esses grandes nomes da música brasileira de acordo com o perfil musical da cidade, não só para divulgar mas também para chamar a atenção aos artistas menores que irão se apresentar no mesmo local", disse o coordenador.


To listen:









CD "Eu Vou Tirar Você Desse Lugar" Allegro Discos





Para quem ainda não conhece o trabalho de Odair José, "o terror das empregadas", é possível conferir seus maiores sucessos no CD lançado recentemente "Eu vou tirar você desse lugar".O disco é uma coletânea dos maiores clássicos do artista cantados na voz de bandas da nova geração brasileira. Nomes como Pato Fu e Paulo Miklos participam da homenagem e dão um tom especial e diferente para as canções de Odair José.Destaque especial para faixa "Eu você e a praia" de Zeca Baleiro.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Entrevista: Cibelle

Tropical punk imprevisível


Cibelle traz a Brasília sua mistura musical que se utiliza de brinquedos e instrumentos inusitados. Em entrevista, a cantora fala sobre Brasil, Londres e seu mundo de experimentações

Socrates Mitsios
Artista multimídia, Cibelle se compara a uma criança curiosa ao fazer experimentações em seus trabalhos gráficos e musicais












Marlon Maciel
Colaboração para o Jornal de Brasília

Radicada em Londres há quase sete anos, a multiinstrumentista, artista gráfica e produtora Cibelle tem mostrado na Europa e em outros países mundo afora o que é que a paulista tem. A cantora e compositora nascida em São Paulo aproveita a temporada no Brasil para se apresentar na capital federal.

Ela abre amanhã a sequência do projeto Belas 2, que apresenta cantoras brasileiras de destaque na cena nacional e internacional. Até maio, o público da cidade também terá a oportunidade de apreciar os trabalhos de Silvia Machete, Nina Becker, Mariana Aydar, Marina de La Riva e Teresa Cristina.

Com brinquedos e instrumentos inusitados, Cibelle leva sua mistura ao Espaço Brasil Telecom. Numa apresentação imprevisível e guiada pelo espírito do improviso, ela apresenta músicas de seus dois primeiros discos, “Cibelle” e “The dried shine of electric leaves”, e composições do seu novo disco (de título provisório “Sonja Khalecallon y Los Stroboscopious Luminous”), que deve ser finalizado em maio.

Para o show em Brasília, a cantora conta com três integrantes da banda de apoio Cidadão Instigado: Fernando Catatau (voz, guitarra e teclado), Rian Batista (baixo e vocal) e Clayton Martim (bateria acústica e eletrônica). Ontem, ela havia acabado de sair de um ensaio em um estúdio de São Paulo quando concedeu entrevista por telefone, na qual falou sobre Brasil, Londres e suas experimentações.


Marlon Maciel – É sua primeira vez em Brasília?
Cibelle –
Para tocar é a primeira vez. Mas já fui visitar também.

Mora em Londres há quanto tempo?
Há quase sete anos.

Como é a sua relação com a cidade e qual a influência que ela exerce sobre a sua música?
Eu adoro morar lá. Eu levo uma vida meio que de “formiguinha” e de “cobrinha”, que é a forma que eu uso para conseguir explicar melhor para os meus amigos. É uma cidade cheia de buracos culturais. Você acha que está no underground mas debaixo dele tem mais underground ainda. Tem muita coisa acontecendo. E a hora que você decide falar “ah, cansei de Londres e vou embora”, em geral você descobre uma outra portinha de um outro universo. Aí você pensa: “Não, preciso ficar e dar uma sacada nisso”. Eu gosto porque tem pouco sensacionalismo para as coisas em geral. As pessoas põem as coisas um tom abaixo. Então fica menos “Uau!”. Tem menos fator “Uau!” nas coisas.

Elas relativizam mais, né?
É. Relativizam mais tudo. As pessoas são mais conscientes da diversidade de tudo, de qualquer sentido da vida: música, arte, comportamento. Para qualquer nível de existência eles são conscientes da diversidade. E já na cultura inglesa existe a idéia do excêntrico. Faz parte da cultura. Então não tem aquele cara “estranhão”. Por exemplo, se for para alguém fazer caricaturas sobre tipos que se conhece na cultura inglesa: vão botar o cara magrelo e alto, o careca, baixinho e gordinho e o excêntrico – que é o malucão com terno de tweed, barba estranha e que cria 18 cachorros.

Apesar de estar em outro país há tanto tempo, você carrega alguma coisa da sua formação musical que teve aqui no Brasil? Faz questão de ter sempre por perto suas fontes de música brasileira?
Lógico. Mas não é assim tão racional. Eu tenho os discos que eu gosto e eu ouço as bandas dos meus amigos. Eu vou ouvir os discos dos meus amigos de agora e os discos mais antigos que eu gosto. Mas eu gosto muito de “garage”, rock anos 60... No momento, ouço muito Roberto Carlos daquela época. Mas não só de coisa brasileira. Ouço Rita Pavoni. Agora estou com uma fonte de rock´n´roll do Camboja, algumas coisas assim. Mas em relação às coisas brasileiras... Eu cresci aqui, então fico por dentro. E eu dou graças a Deus que eu nasci aqui e cresci aqui. Porque é só por isso que eu acho que eu faço música do jeito que eu faço. O brasileiro já nasceu da mistura. Ninguém veio gerado. A gente já cresce incorporando outras coisas. Dos meus amigos que estão tocando e compondo, não temos medo de tocar e ficar parecendo tal banda. Na hora de compor, por exemplo, não vou parar e falar: “Ai, isso parece que com aquela banda”. Não tenho esse medo. A gente sabe que tudo que se absorve depois fica com a sua cara porque foi você quem absorveu. E misturado com tudo o que você tem dentro, sai do seu jeito. De vez em quando eu reparo os meus amigos ingleses ou europeus de outros lugares e, às vezes, vejo que eles param muito para dizer: “Ah não, já fizeram isso! O outro já faz assim!”, e acabam se tolhendo de novas oportunidades de expressão.

O Tropicalismo é algo do qual você bebe. Em seu perfil no MySpace, refere-se a si mesma, entre outros termos, como "Tropical punk (...)". Queria saber se você se considera uma “neotropicalista” por mesclar manifestações da música brasileira a inovações estéticas.
Não. Eu sou tropical porque eu sou daqui. E punk porque eu sou não-conformista. Vou fazer do meu jeito e não vou me conformar com as coisas. E sou antropofagista no último. Eu quero que me comam e quero comer meus amigos. E como todo mundo. E todo mundo me come [Risos].

Entrevista: Cibelle – Parte 2

Socrates Mitsios
Cibelle: “Eu sou artista e mexo com as coisas. Ou é um pedaço de papel, uma tesoura e uma cola, ou é um sampler, uma guitarra e a voz. Essa é a minha relação com a música. É mais uma tinta”









Marlon Maciel – Qual é o seu objetivo ao experimentar? Por exemplo, em um show, em um disco ou em qualquer outro trabalho.
Cibelle –
É mais forte do que eu. Eu sou meio criancinha curiosa. Começo a mexer nas coisas e a fuçar. E eu já tentei tocar música super “caretex” a exemplo de “vamos fazer uma balada e tocá-la assim”. Não dá certo porque eu não consigo. Eu boto outro instrumento no meio. Pego um instrumento que não é pra tocar daquele jeito, toco diferente, enfio na música. É mais forte do que eu. Não é que eu queira fazer uma coisa assim específica, às vezes. Sou curiosa, é isso. E eu fico fuçando e aí a música sai o que sai. Ou eu faço laboratório com a minha cabeça. Fico inventando 500 histórias e universos onde as coisas, as cores e as texturas seriam de certa maneira. Depois começam a nascer de forma sonora pra mim. E eu começo a buscar esse universo no som. Por exemplo, eu estou encafifada com “clichê”, “erro” e “feio”. Então tem uma música, por exemplo, na qual eu coloco todos os clichês possíveis do mundo só pra ver o que acontece. No disco novo, estou botando um monte de frases vazias que são encontradas em músicas pop, como “Dança comigo!”, “Pega em mim!” [Risos]. Tudo quanto é música que eu possa colocar alguma coisa assim, estou colocando.

Gostaria de saber como você enxerga a música que você faz hoje. O que ela significa para você? Por que ela é importante para você?
Para mim ela é mais uma forma de expressão meio que inevitável. Não é que eu escolhi fazer isso. Acabou acontecendo assim e eu não consigo sair disso. E eu me expresso com outras formas de arte também, como colagem, instalação. Eu colaboro com o coletivo avaf. Estava até com eles na última Bienal e fiz uma instalação também. Mas a música, ela é inevitável. E eu acho engraçado porque às vezes eu não me sinto compositora. Me sinto mais produtora e performer das coisas. E eu vejo meus amigos que são músicos mesmo, que escrevem o tempo inteiro e que me fazem sentir: “Não, não é isso o que eu faço”. Eu sou artista e mexo com as coisas. Ou é um pedaço de papel, uma tesoura e uma cola, ou é um sampler, uma guitarra e a voz. Essa é a minha relação com a música. É mais uma tinta.

Cassia Sabatini
“Gosto muito de 'garage', rock anos 60...". No momento, a cantora ouve a fase sessentista de Roberto Carlos.



Você toca pela primeira vez em Brasília na sequência de um projeto que apresenta cantoras brasileiras de destaque na cena nacional e internacional, como Mariana Aydar, Silvia Machete, Marina De La Riva e Nina Becker. Gostaria de saber se você aprecia alguma dessas novas cantoras.
Eu gosto bastante da Nina. Acho que ela tem uma voz doce, doce, doce... Linda! Eu vi um videozinho dela cantando só com o violão. Que delícia! Eu gosto de gente que canta sem ser “cantorona”, sabe? Que canta porque canta e porque é lindo cantar, sem botar muita impostação em cima. A não ser que se tenha um motivo por trás. Porque eu faço isso para caramba às vezes. Eu meto um vozeirão e eu tiro sarro com a minha cara mesmo [Risos]. Eu me divirto pencas fazendo isso. E, sei lá, dentro de mim tem uma cantora de jazz dos anos 40 escondida no meu joelho [Risos].

Ao todo, você toca quantos instrumentos no show?
Toco minha pedaleira toda, sampler, guitarra... E, às vezes, a guitarra vira meio que um baixo. Toco percussão, uns brinquedinhos, uns tecladinhos. Tudo meio no mais ou menos [Risos].

O terceiro disco já tem título? Gostaria que falasse sobre o novo trabalho.
Eu andei falando que ele se chama “Sonja Khalecallon Y Los Stroboscopious Luminous”. Mas eu não sei se vai ser esse nome. Não é definitivo. É porque foi na época da Sonja [Khalecallon]. É que eu tenho uma coisa com codinomes que eu nunca deixei muito pública: é entre eu e os meus amigos e quando eu faço arte. E eu tava assinando um monte de arte como Sonja Khalecallon na época em que comecei a fazer o disco. Esse nome é uma brincadeira com um monte de coisa. É um misto de Frida Kahlo e Sophie Calle e que soa como “canecalon”. E a Sonja é a guru do meu amigo Rick Castro [artista plástico], que é uma guru que ensina sobre desapego e movimento de energia. Então, fazer a Sonja é jogar coisas que não prestam fora. E ao mesmo tempo, para mim, a minha Sonja Khalecallon, quando eu fico fazendo arte nesse espírito, eu mexo muito com o feio, com coisas que as pessoas consideram meio que de mau gosto. Trabalho com cabelo no meio da colagem. Fico buscando o erro. Me entrego. É não ter medo de errar, porque aí, com certeza, as coisas saem pelo menos meio bonitas. E Los Stroboscopious Luminous é o nome para a banda universal que toca comigo. São todos os meus amigos que têm suas bandas, seus trabalhos próprios e que tocam comigo quando querem.


A cantora reinventa “Refazenda”, de Gilberto Gil, no programa Som Brasil

quarta-feira, 25 de março de 2009

Boato punk

Em informação extra-oficial dada pela produção do show, a banda Bad Chopper, de CJ Ramone, se apresentará em Brasília. A chance de ver um pedacinho dos Ramones em solo brasiliense acontecerá no dia 10 de julho (sexta-feira), no Arena.

A Bad Chopper já veio ao Brasil duas vezes, em 2001 e 2008. Banda formada em junho de 2000, em Long Island (NY), traz CJ Ramone (baixo e voz), Mark Sheehan (guitarra), Brian Costanza (guitarra) e John Evicci (bateria). As influências de Stooges & Iggy Pop, Motorhead, The Clash, Sex Pistols e Ramones (claro), dão uma idéia de o que o quarteto deverá apresentar.

Foto: Denise Barton Ward

À venda ingressos para Heaven and Hell


Para quem ainda duvidava de ver o Black Sabbath em Brasília, uma ótima notícia! Os ingressos para o show que acontecerá no dia 13 de maio, no Nilson Nelson, já estão à venda! Por preços que variam de 50 a 150 reais a meia entrada, os fãs de Brasília poderão assistir à apresentação única. A Heaven and Hell é formada pelos lendários sessentões Tony Iommi (Guitarra), Ronnie James Dio (vocal) e Geezer Butler (baixo), e por Vinny Appice (bateria), de 47 anos.

Um verdadeiro Black Sabbath ressurgido com o nome de um de seus principais álbuns, a banda promete tocar clássicos como Mob Rules, Live Evil , Die Young e, claro, a Heaven & Hell.

Desde seu retorno em 2007 a banda vem realizando apresentações inesquecíveis pelos Estados Unidos, como a turnê realizada juntamente com os outros medalhões do rock pesado Motorhead e Judas Priest. No Brasil, a banda se apresentará em Belo Horizonte, duas noites em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília. O sucesso da proposta é tão intenso, que 15 dias após o último show no Brasil, a Heaven and Hell partirá para a Europa com shows na Rússia, Finlândia e Noruega.

HEAVEN & HELL
13 de maio, às 21h, no Ginásio Nilson Nelson
R$150,00 (vip) - R$ 100,00 (arena) - R$ 50,00 (superior)
Valores referentes à meia entrada
Informações: 3364-0000 / 3964-0004
Pontos de Venda: Free Corner, Mormaii e Porão 666
Classificação Indicativa: 16 anos

Foto: divulgação

terça-feira, 24 de março de 2009

"Scream for me, Brasília"


A banda Iron Maiden se apresentou pela primeira vez na capital brasileira na última sexta-feira (20). Em show histórico, o sexteto levou 25 mil pessoas ao estádio Mané Garrincha. Houve quem chegou ao local ainda no começo da tarde, para garantir bons lugares; mas também teve quem só conseguiu entrar na metade da apresentação, que durou cerca de 1h40. A turnê Somewhere Back in Time, comemorativa dos 30 anos de carreira da banda, conta com um set list clássico, atraindo tanto fãs antigos como os mais jovens.

Por volta das 20h40 da noite do dia 20, a fila dos fãs do Iron Maiden ainda se estendia assustadoramente ao redor do Mané Garrincha. Neste momento, a "Harris filha" deveria estar entretendo os que já aguardavam em frente ao palco. Fora do estádio, toda a estrutura "comercial" seguia a lógica da linha da galera de preto que adentrava no setor de pista. Muitos suvenirs da banda e muita cerveja estavam em oferta no local. Mas só cerveja, porque bebida quente estava categoricamente proibida a venda. Ainda assim, num ato quase contrabandista, podia-se notar a compra.

O tempo passava e o nervosismo aumentava à medida em que os ponteiros se aproximavam das 21h - horário marcado para o show dos pontualíssimos britânicos do heavy metal. Já passava deste horário quando a fila finalmente acelerou. Três conferidas nos ingressos e uma revisada da segurança nas bolsas e finalmente já se podia ver a multidão que aguardava com muita ansiedade ao show. Daria uma bela foto: Uma aglomeração de cabeças douradas pelas luzes dos holofotes recheando o oval estádio.

A visão daquele cardume de headbangers em estado de êxtase contagiou a todos que enfim haviam entrado. Só se via gente pulando, gritando e correndo pela rampa de acesso ao gramado.

Bastou eleger uma localização diante do palco para as luzes se apagarem. No momento terminava o vídeo do Flight 666 com o Ed Force One. Segundos depois, a luz ressurgiu na tradicional rajada de fogo que trás a banda à tona. Por volta das 21h15, o sexteto apareceu com todo o poder de Aces High.

Da primeira à ultima música a multidão exalava emoção. Depois da abertura, o set list prosseguiu com Wrathchild, 2 Minutes to Midnight, Children of the Damned e Phantom of the Opera. Durante um clássico e outro, o público pôde ver o quarteto de guitarras e baixo tocando na tradicional pose com os pés nos retornos – atitude Iron Maiden! Em seguida, Bruce Dickinson fez a conhecida cena em que carrega a bandeira da Inglaterra durante a The Trooper. Continuando, vieram a Wasted Years, Rime of the Ancient Mariner, Powerslave, Run to the Hills, Fear of the Dark, Hallowed Be Thy Name e enfim a Iron Maiden, quando o gigantesco Eddie entra em cena ao delírio da platéia.

Nos intervalos das canções (que eufemismo!), Bruce interagiu longamente com o público. Entre um “Scream to me, Brasília!” e outro ainda mais agudo - respondido com euforia - ele dizia basicamente que fora a primeira vez que tocaram em Brasília e que estava realmente impressionado com o público. Repetiu o discurso umas três vezes. Redundâncias à parte, o vocalista fez uma brincadeira relacionando à ironia de haver um show de Liza Minelle alguns metros adiante, no Centro de Convenções, e informou que havia no estádio cerca de 25 mil pessoas! Número que nesta turnê bresileira ficou atrás apenas de São Paulo, que contou com 60 mil.

Ao final de Iron Maiden, a banda se despediu rapidamente do público encadeando um caloroso pedido de bis. Gritava-se “olê olê olê olé, maiden, maiden”. Quando as gargantas cansaram foi a vez de usar a acústica do estádio a favor. Os fãs fizeram barulho com os pés no piso da arquibancada e nas placas de metal que cobriam o gramado. Nesse momento o local tremeu e se sentiu, de fato, a força da massa de 25mil headbangers. Quando o ruído chegou a seu limite máximo, Maiden voltou ao palco ao som da desejada The Number of The Beast. Acabando com o que restava de fôlego da platéria, veio a The Evil that Man Do e Sanctuary para terminar. Palhetas e baquetas jogadas ao público, um último agradecimento e o show estava encerrado.

Às 23h o público já deixava o Mané Garrincha e muitos, como que viciados, saiam em seus carros ao som dos mesmos caras.

Foto: divulgação

domingo, 15 de março de 2009

Heavy Metal explícito

Tudo aconteceu em uma terça-feira de março, mais precisamente num dia quatro de sol. Pedreira Paulo Leminski, Curitiba, Paraná. A fila tinha pelo menos quatro quilômetros quando os portões foram abertos às 14h. Cheguei por volta das 16h30, 17h mas demorei a entrar por conta da grande quantidade de pessoas no local.

Às 20h em ponto, Miss Harris entrou no palco para abrir o show aos veteranos (neste caso seu pai). Esse foi um bom tempo para sentar no chão e guardar as energias pro momento mais esperado. É lógico que eu ficarei muito satisfeita se não tiver que ouvir Lauren Harris mais uma vez.

Se tivemos sorte, dizemos que esta é devida a pontualidade. Às 20h EM PONTO a banda iniciava com Churchchill’s Speech. Nessa hora todo o entusiasmo de 30 mil pessoas é colocado pra fora ao mesmo tempo. Em seguida, Aces High e 2 Minutes to Midnight. Banda e público. Ambos vibrando. Não há nada mais lindo de se ver e ouvir.

Após as duas primeiras canções veio Revelations, que neste ano foi trocada por Wrathchild. Nesta hora, confesso, chorei igual criança. São nesses momentos em que você percebe o quanto à vida pode lhe reservar coisas maravilhosas em momentos ótimos. Passado o momento “nice feelings”, continuamos com The Tropper, uma música deliciosa e animada. Este ano, ela foi substituída por Children Of The Damned, mas continua no setlist.

Wasted Years deu segmento ao espetáculo. Esta música está num dos meus discos preferidos da banda, o Somewhere in Time. Em 2009 ela caiu de posição e será apresentada mais tarde, dando lugar a Phantom Of The Opera. As próximas canções fizeram a festa da criançada da platéia: The Number of The Beast e Can I Play with Madness? A segunda me animou mais, com certeza, uma pena que não será tocada nesta apresentação. Na nova lista da turnê, elas dão espaço para The Trooper e Wasted Years respectivamente.

Quando Bruce Dickinson anunciou as duas próximas músicas, me arrepiaram todos os pêlos. Rime Of The Ancient Mariner é uma música incrível. Dá preguiça quando ela chega nos 10 minutos de duração, mas me impressionou bastante ouvi-la ao vivo e cantar junto durante 16 minutos. Essa foi a introdução perfeita para a música que estava por vir. Powerslave me chocou. Ainda mais pelo gigante Eddie que entrava no palco. Aproveitei o momento pra empurrar todo mundo e fazer a festa. Muita excitação para um momento só. Estas duas músicas permanecem na lista da apresentação e no mesmo lugar do ano passado.

Em seguida: Heaven Can Wait, Run to the Hills, Fear of the Dark e Iron Maiden. Acho que Fear of the Dark poderia dar espaço para uma música melhor, mas nada são flores. Na nova apresentação poderemos conferir: Run to the Hills, Fear of the Dark, Hallowed Be Thy Name e Iron Maiden - uma das melhores músicas pra se cantar gritando. Ela é quem dá abertura para o bis, quando a banda retorna ao palco para as três últimas do espetáculo.

No bis de 2008 tivemos: Moonchild e The Clairvoyant, que saíram do set deste ano; e Hallowed Be Thy Name, que considero uma música não muito boa para o fim de uma apresentação como esta. Este ano poderemos conferir no bis: The Number of the Beast, The Evil That Men Do e Sanctuary. As duas últimas também novas na lista.

Espero que este ano tudo aconteça como no ano passado. Muita emoção, empolgação e que nos ofereça boas histórias pra contar daqui a alguns anos.

Heavy Metal implícito

1999, Brasília, Distrito Federal. Álbum: The X Factor. Volume baixo. Nos vocais: Blaze Bayley. Primeira faixa: Sign of the cross.

As linhas acima descrevem perfeitamente minha primeira experiência com a donzela. Talvez esta tenha sido a minha melhor experiência musical em quase 20 anos. Atualmente, The X Factor não é de longe meu álbum preferido, mas, com o passar dos anos, as principais idéias passadas por suas músicas ainda estão nítidas em minha cabeça.

Quatorze anos antes, a banda fez sua primeira apresentação em solo brasileiro na primeira edição do festival Rock in Rio, no Rio de Janeiro. Em 1992, sete anos depois, o grupo esteve no Brasil mais uma vez, com a turnê do então disco novo Fear of the Dark. Já em 1996, no festival Monsters of Rock, o Iron Maiden volta ao Brasil já sem o vocalista Bruce Dickinson, que só voltaria a se apresentar no país em 2004, com a turnê o disco Dance of Death.

Muito se passou em quatro anos. Lançamento de disco inédito, lançamento de coletânea ao vivo. Ninguém esperava e então, em 2008, a maior banda de Heavy Metal do mundo anunciou novas datas no Brasil: São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Os melhores ingressos esgotados em menos de 24h. Caos em linhas telefônicas e superlotação em todos os shows. A turnê Somewhere Back in Time foi descrita como uma das últimas da banda. A despedida não foi bem aceita, é claro, mas todos estávamos lá.

Ninguém sabe bem o que falar depois de assistir um espetáculo como aquele. Quem é que disse que só Madonna tem direito a super produção? Fogos, iluminações pirotécnicas e bonecos gigantes, tudo o que merecíamos ver em um show cuja principal função é apresentar os maiores sucessos lançados pela banda em algum lugar no tempo.

Agora, um ano depois, corações apaixonados pelos anos de ouro (1980) podem conferir MAIS UMA VEZ a melhor turnê já executada pelo Iron Maiden. No entanto, nada de excursões ou aviões, basta pegar apenas um Rodoviária do P. Piloto na parada de ônibus mais próxima.
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Corro o risco de não vê-los tocar desta vez. Aceito cortesias, credenciais, ingressos de arquibancada ou qualquer coisa que me faça entrar no Mané Garrincha.

PS: Confira no post acima a pré-resenha do show, baseada na apresentação de 2008 em Curitiba, no Paraná.

Jazz (e infância) para os seus ouvidos


Quando pequena, jamais imaginava que ao assistir aquele inocente desenho, daquele cachorro abusado, um gênero clássico da música era apresentado na tv, a linda e singela “trilha sonora” do desenho Snoopy. Vince Guaraldi é um dos maiores nomes de jazz e também é o responsável pela melodias reflexivas do beagle e sua turma. O compositor conseguiu criar músicas delicadas,inspiradas em valsas e bossas que caíram como uma luva em Peanuts. Elas conseguem acompanhar muito bem, ou mesmo criar, o clima dos personagens. É impossível não pensar em Charlie Brown ao ouvir o jazz delicado e reflexivo de Vince Guaraldi.

“Linus and Lucy” é uma das canções mais lembradas pelos fãs do cartoon e quando a escuto me remete ao mesmo instante a imagem de Charlie Brown caminhando ao lado de seu fiel companheiro. As loucuras e devaneios da apaixonada Lucy que atormentava o introspectivo pianista Schroeder. E como não lembrar de Linus e seu cobertor inseparável. Snoopy e sua turma conseguem ser clássicos em todos os sentidos, desde seus personagens densamente emocionais, até suas melodias contagiantes. Uma lembrança da infância que vale a pena levar para o futuro. Experimente, escute Vince e tente não lembrar de sua infância.

Ah e sim, eu também pensei nisso, estamos um pouco velhos.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Mais feliz do que este, impossível


Simplesmente Feliz (Happy-Go-Lucky), novo filme de Mike Leigh (Segredos e Mentiras e O Segredo de Vera Drake), consegue ser mais, muito mais do que um simples, bobo e nulo filmezinho de comédia que costumeiramente vemos por aí. É a celebração da busca pela felicidade explicitada de uma maneira raramente encontrada no cinema atual.

A personagem Poppy, interpretada pela agora multipremiada (acertei? é com ou sem hífen?) Sally Hawkins (foto: Divulgação), é professora de uma escola primária de Londres, traja vestimentas exageradamente coloridas, que remetem à época dos hippies, e possui um sorriso, um humor e um bem-estar insuperáveis. É tanta felicidade, tanto otimismo, que Poppy intoxica e irrita quem está à sua volta, como seu mau-humorado, dogmático e obstinado professor de direção Scott (explosiva e cômica atuação de Eddie Marsan). O filme é uma bela celebração à felicidade, mas não pára por aí. Em várias passagens, o roteiro mescla drama e comédia de maneira inteligente e constrói diálogos verossímeis, que funcionam graças à direção voltada à liberdade das atuações. Roteiro e direção de Mike Leigh e a adoravelmente irritante e cativante atuação de Sally Hawkins fazem de Happy-Go-Lucky uma das melhores e mais originais comédias dos últimos anos.

Nos cinemas brasileiros, a partir de 27 de março.

E desde dezembro de 2008, se eu não estou enganado, no Mininova, The Pirate Bay (que, para a desgraça minha e de muitos, estão fora do ar!) ou qualquer outro bom anfitrião de arquivos torrent por aí.
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Mas, eu prometo, este vou rever no cinema, ok?

quinta-feira, 12 de março de 2009

A magia do cotidiano

Quidam, do Cirque du Soleil, traz a maior temporada realizada pelo grupo na América Latina

Fotos: Pedro Ladeira

A bailarina canadense Erka Lemay, do Cirque du Soleil, no novo espetáculo: esmero de coreografia produz impressionantes ilusões de ótica no espectador

Marlon Maciel
Especial para o Jornal de Brasília

São Paulo – No palco, a contorcionista chega a parecer uma boneca de plástico, sem qualquer articulação óssea. Fixa no chão com as pernas para cima e uma das mãos apoiada em um fino suporte, ela transmite a sensação de flutuar no ar com seus movimentos de giro. Em um momento do número apresentado, terça-feira, na coletiva de imprensa de Quidam, espetáculo do Cirque du Soleil, a impressão é de que a bailarina se contorce tanto que vai se quebrar ao meio a partir de sua cintura. Mas ela não se parte e desce para o chão, inteirinha, espreguiçando-se com inacreditável facilidade de movimentos.

Após o primeiro número, o malabarista russo Andrei Roublev, trajado de palhaço, mostra toda a sua habilidade corporal e intimidade ao interagir com uma roda de ferro do seu tamanho, que ele faz parecer leve como um brinquedo de criança. Hand balancing e German wheel (onde tem início o show), respectivamente, foram os números previamente apresentados à imprensa e que são parte significativa do espetáculo que a tradiconal companhia canadense traz à América Latina em junho deste ano.

A partir do dia 18 de setembro, Brasília está na rota da turnê mais cara já realizada na América Latina, que passa por Fortaleza (11 de junho), Olinda/Recife (9 de julho), Salvador (13 de agosto), Belo Horizonte (23 de outubro), Pinhais/Curitiba (4 de dezembro), Rio de Janeiro (8 de janeiro de 2010), São Paulo (26 de fevereiro de 2010) e Porto Alegre (27 de maio de 2010). A temporada terá um ano de duração, 330 apresentações e público estimado em mais de 800 mil pessoas.


Em cena, na prévia de Quidam, o malabarista russo Andrei Roublev

O espetáculo conta a história de Zoé, uma menina ignorada pelos pais, que cria um mundo de fantasias. O Aviador com asas esqueléticas mas que não está pronto para voar, o solitário Boum-Boum, o animador circense John, o companheiro The Target e um palhaço contemporâneo são alguns dos personagens que interagem com a garota, a fim de seduzí-la com "o maravilhoso, o inquietante e o aterrador".

Presente no evento de divulgação, o diretor de turnê do Cirque du Soleil, Robert Mackenzie, afirmou que todos os espetáculos da companhia carregam uma mensagem. "Mas a mensagem do Quidam, desde a estrea, continua sendo muito válida para os dias de hoje", enfatizou.

Serviço

Quidam – Espetáculo do Cirque du Soleil. A partir de 18 de setembro, no Centro Poliesportivo Ayrton Senna. Ingressos entre R$ 230 e R$ 490. Informações: ticket master. Menores de 13 anos somente acompanhados dos pais ou responsáveis.

Palco sofisticado

Robert Mackenzie: "Mensagem do Quidam, desde a estreia, continua muito válida"

Segundo o diretor de turnê do Cirque, a inspiração para a obra veio por volta de 1995, quando o diretor Franco Dragone andava pelas ruas de Nova York e reparou nos transeuntes: "Eram pessoas que não tinham rosto e que ele jamais encontraria de novo". Franco começou a pensar na família do século 21. Na sua visão para o mundo atual, o foco é cada vez maior para as coisas materiais. "Uma adolescente totalmente ignorada por seus pais busca uma saída, começa a imaginar coisas em um mundo de fantasia", ilustra Mackenzie.

Quidam estreou em 1996. Trata-se de um show reconhecido internacionalmente pela intensa teatralidade aliada a números de impacto. Dirigido por Franco Dragone e Gilles Ste-Croix (diretor criativo), o espetáculo combina performances acrobáticas, domínio técnico, figurinos e cenários extravagantes. Os diferentes mundos da vida cotidiana são explorados. Os personagens possuem características e figurinos que acabam por refletir a personalidade dos próprios artistas.

A trilha sonora de Benoit Jutras leva ao palco seis músicos que se revezam em vários instrumentos. Quidam movimenta 50 artistas de 15 nacionalidades, sendo três brasileiros. Há acrobatas, ginastas, palhaços, atores, músicos, cantores, dançarinos e demais performáticos circenses. A montagem utiliza mais de 250 figurinos, 200 pares de sapato, 500 objetos de cena e arrojadas plataformas invertidas suspensas que trazem os artistas ao centro do palco.

Esta é a primeira vez que a companhia – que completa 25 anos este ano – utiliza a ajuda de computadores (para que os artistas entrem e saiam do palco) em um espetáculo. Segundo Mackenzie, porém, o mais impressionante de Quidam é o efeito final, onde não há truques. Durante dez minutos, num ato totalmente humano, 15 artistas dividem o palco em performances complexas, indescritíveis. (Repórter e fotógrafo viajaram a São Paulo a convite da produção do evento)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Vida longa ao trash



O lixo é o luxo. Nada mais divertido do que se deliciar com o diferente, o pitoresco, o nada cult, o trash. Mexendo na web encontrei essa pérola.Vejam esse clipe musical de Devenda Banhart, um dos principais artistas do mais novo movimento musical norte-americano,o folk psicodélico. Com a participação da ex-namorada do cantor, a atriz Natalie Portman, o clipe faz uma paródia com os famosos filmes de Bollywood e suas histórias coloridas.

Divirta-se. Hasta.

terça-feira, 10 de março de 2009

Arte em andamento




A idéia do projeto "Arte em andamento" é ser um espaço de integração para que artistas mostrem suas produções, para que os que nunca fizeram arte tenham a possibilidade de experimentar e para que esse diálogo fomente novos trabalhos, novas possibilidades. Com direção e produção de Filippo Leandro e Jean Cândido, ele se preopõe um movimento de arte brasileira em diálogo com o mundo de forma independente, livre, sem censuras.

O espaço é aberto a quem quer se apresentar com música, poesia, literatura, teatro, cinema, artes plásticas e outras formas do fazer artístico. Os encontros acontecem em toda primeira e terceira segunda-feira do mês no Art Hostel Rio (Rua Silveira Martins, 135, Catete, Rio de Janeiro - RJ).

O blog do projeto disponibiliza o segundo episódio do "Programa Arte em Andamento", com os melhores momentos da quinta edição do encontro acontecida em 16 de fevereiro, na ocasião do "Dia de Hilda Hilst". Participaram da edição o Projeto Psyou, Fabiana Tolentino, Vinícius Castro, Raphael Vianna, Bruno Duarte, Cia. Aquelas e Duo 2x2.

O quadro "Andanças" apresenta uma matéria sobre o bucólico e inspirador Parque Lage e o que pensa o jovem artista plástico Raphael Couto sobre a arte atualmente.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Assista, leia e ouça

Assista: Kika (Pedro Almodovar, 1993)

Leia: A sangue frio (Truman Capote, 1975)

Ouça: Best I e Best II (The Smiths, 1992)
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Leia, assista e ouça é uma sessão pensada pelos membros do blog onde indicamos filmes, livros e cds que merecem a atenção de nossos leitores. Por ironia do destino, esta estréia não conta com nenhum lançamento, mas com certeza são obras que merecem ser lembradas, assistidas, lidas e ouvidas.

domingo, 8 de março de 2009

Sucesso milionário


Com estreia na última sexta, "Quem quer ser um milionário?" lota salas há duas semanas

Marlon Maciel
Especial para o Jornal de Brasília

As pipoqueiras do Cinemark Pier 21 e de vários outros cinemas pelo Brasil funcionaram no limite das últimas duas semanas para cá. Duas funcionárias da lanchonete da rede de cinemas são testemunhas do rebuliço causado por um lugar na poltrona nas sessões lotadas do filme "Quem quer ser um milionário?", que estreou nesta última sexta.

Na sala de cinema à beira do lago Paranoá, a movimentação de pessoas que pediam coisas para comer, beber e beliscar durante as sessões foi intensa. A pré-estreia teve início no dia 20 de fevereiro, exatamente no fim de semana da premiação do Oscar, na qual o filme concorreu a dez estatuetas e levou oito.

Segundo as funcionárias Hellen Tavares, 24, e Cristiane Carvalho, 20, das duas sessões diárias, todas estavam lotadas. "Foi uma verdadeira loucura. O que a gente trabalhou! Meu Deus... Daria para ficar milionária!", brinca Hellen, que acompanhou uma das sessões. "Assisti por curiosidade, já que todo mundo estava assitindo. Então, pensei: também vou assistir porque deve ser muito bom! Achei muito linda e interessante a história. Adorei!", revela do outro lado do balcão.

Dirigido por Danny Boyle e inspirado no livro "Sua resposta vale um bilhão", de Vikas Swarup, "Quem quer ser um milionário?" narra a saga de Jamal, um garoto pobre de uma favela de Mumbai (Índia), que serve chá em uma companhia de telemarketing e tenta reencontrar, desde a infância, a sua amada Latika.

O adolescente vira celebridade ao participar de um programa de TV similar ao Show do milhão brasileiro, no qual pode ganhar 20 milhões de rúpias. A polícia, no entanto, suspeita de fraude. Esta é a trama central da produção do Reino Unido ambientada na Índia, com elenco e grande parte da equipe indianos.

Prazer, felicidade, esperança

A professora da rede pública Fátima Laport, 43, diz acreditar que o Oscar contribuiu para a lotação das salas. Entre outros muitos prêmios anteriores, "Milionário" levou as estatuetas de melhor filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, edição, trilha sonora, canção e mixagem de som.

"Os prêmios da Academia são de caráter comercial também – embora tenha mudado um pouco o conceito do que seja um filme de arte. Acredito que o Oscar influenciou muito", constata Fátima. A professora conta que um dos motivos de ter ido ao cinema foi o diretor Danny Boyle, já que acompanha a carreira dele há algum tempo. "Vejo qualquer filme dele que seja lançado", completa. Bolyle também dirigiu longas como "A praia" (2000) e "Trainspotting - Sem limites" (1996).

O apelo em relação ao desejo de ficar rico da noite para o dia também poderia ser especulado como um dos atrativos do filme. "De repente seja um dos temas da procura. Mas acredito que não seja tão preponderante", comenta Fátima.

A temática do filme foi o segundo motivo que levou a professora ao cinema. Cinéfila de carteirinha, ela afirma ter acompanhado as polêmicas despertadas pelo filme que dividiu crítica e público. "Houveram comparações do filme com 'Cidade de Deus'. É uma espécie de 'Cidade de Deus' sim, com final de 'Cinderela', de love story", avalia. O próprio diretor Danny Boyle já admitiu ser um grande admirador do filme do diretor Fernando Meirelles.

Fátima também elogiou a montagem e a trilha sonora do filme que presta homenagem à Bollywood. O compositor indiano A.R. Rahman saiu da festa com dois prêmios, por trilha sonora e canção original. A trilha inclui a participação da cantora senegalesa Mia. Integra a trilha sonora do longa a canção "Paper planes", que chegou a concorrer na categoria "melhor gravação do ano" no último Grammy.

"O filme transmite algo que muitas vezes a gente procura no cinema, que é o prazer, a felicidade, a esperança". Perguntada se o diretor a decepcionou nesse trabalho, a professora é categórica: "De jeito nenhum. Ele experimenta os estilos. Cada vez que ele faz um filme, ele imprime um estilo completamente diferente dos demais. Eu acho que ele foi ótimo nesse".

Sonho universal


Como estratégia, as pré-estreias de "Quem quer ser um milionário" foram programadas para começarem no fim de semana em que aconteceu a entrega do Oscar. Além de ser o filme que mais prêmios ganhou na ocasião, sua bilheteria nos EUA e em todo o mundo tem surpreendido. Segundo Maneco Siqueira, assessor de imprensa da distribuidora Europa Filmes, o filme de Danny Boyle teve orçamento minúsculo para os padrões de Hollywood (apenas 15 milhões de dólares) e já faturou, apenas no mercado americano, mais de 160 milhões de dólares nas bilheterias de todo o planeta.

Maneco garante que os oito prêmios ganhos pelo filme no Oscar também exercem influência sobre a audiência. "O Oscar é um prêmio que é visto e falado por milhões de pessoas em todo o mundo. Aqui no Brasil não é diferente. Comercialmente, ganhar muitos Oscars, cria muito interesse sobre o filme".

Em relação às estatísticas de pré-estreia, Maneco afirma que o filme foi visto por mais 242 mil espectadores (até 03/03). "Temos a expectativa que o filme seja visto por mais de 1.500.000 de espectadores", relata. Segundo o assessor, uma curiosidade é que "Milionário" será o maior lançamento de um filme em exibição digital no Brasil (entra em 48 salas de cinema) e foi a maior pré-estréia também nesse tipo de exibição (45 salas de cinema).

"As pessoas, acima de tudo, torcem pela sorte de Jamal, um menino que cresceu na favela, perdeu a mãe num acontecimento traumático, teve que enfrentar todo o tipo de perigo na vida e agora é um ídolo nacional, que concorre a um prêmio milionário", resume a expectativa do público. Segundo o assessor, ser milionário é um sonho universal do homem.

"Milionário" conta uma bela história de forma muito criativa e interessante. As pessoas torcem pelo amor de Jamal e Latika, uma garota que passou por tudo o que ele passou. Eles têm a oportunidade de mudar de vida", diz. Para Maneco, a história de amor que o filme carrega é um dos principais motivos do êxito do filme pelo mundo. "Quem não quer viver uma grande história de amor?", finaliza.