sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Já ouvi, posso morrer

O post da vez é pra abrir a série 10 álbuns que já ouvi, posso morrer (rs)*, na qual TODOS os editores do buteco cultural deverão contribuir - na verdade, nem todos foram consultados e o nome dado a isso foi meu, mas acredito que vai variar em cada listinha.

Tudo começou num dia random dessa semana, quando eu, a Glaucia, o Lucas e a Vilhena estávamos conversando sobre nossos gostos musicais no horário (chuvoso) de almoço. Então tivemos a (nada original) idéia** de postarmos aqui listas comentadas dos álbuns que mais marcaram nossas vidas (snif).

Como os três ficaram com preguiça de iniciar a miséria, já que isso implicaria em também estabelecer um padrão para os posts, fui obrigado - sob a ameaça de ter cigarros apagados na minha cabeça - a ser o primeiro.

E COMO foi difícil apontar apenas 10 álbuns, gente! Foi difícil, foi injusto, mas foi bem legal.

A seguir, os discos mais importantes da minha vida (pelo menos até ontem, quando achei um tempinho pra elaborar o negócio):


10 John Coltrane - A Love Supreme (1965)

Talvez o trabalho mais cultuado do deus John Coltrane. E, certamente, não é para menos. São quatro faixas de uma das gravações mais importantes da história do jazz (leia-se: música). Acknowledgement, Resolution, Pursuance, Psalm. Pura elegância e magnificência.

9 Sigur Rós - Ágætis byrjun (1999)

De início, não precisei nem ao menos entender o significado das letras, porque o ambiente proporcionado por instrumentos e vozes já parece dizer tudo. Som atmosférico, etéreo, feito para elevar a alma. Um trabalho delicado, doce e confortante. Mágico, para resumir. Starálfur é um encanto.

8 Miles Davis - Seven Steps to Heaven (1963)

Eu poderia colocar o Kind of Blue aqui, mas o trabalho do Miles desta posição foi o que me fez realmente gostar do jazz nunca enfadonho e sempre criativo desse trompetista genial (e essencial). O instrumental de I Fall In Love Too Easily (cuja interpretação de Chet Baker é absurdamente linda e sentimental, uma das minhas coisas favoritas dentro do jazz), a faixa mais cool do disco, é divino.

7 Sylvia Telles, Lúcio Alves & Roberto Menescal - Bossa Session (1964)

Ouço sempre com um sorriso largo no rosto. O que vou dizer vai parecer ridículo, mas esse é o álbum mais alegre e divertido que os meus ouvidos já tiveram o prazer de apreciar. A must, mesmo para quem não gosta de bossa nova.

6 Pavement - Crooked Rain, Crooked Rain (1994)

O álbum aqui colocado em sexto é um lo-fi impecável, embalado pela voz inconfundível de Stephen Malkmus (no meu ranking mental de melhores vozes masculinas de rock, só fica atrás de Jeff Buckley), e ainda um marco na cena indie dos anos 90. Aliás, um marco não, o marco, o melhor álbum indie da última década. Elevate Me Later e Gold Soundz não saem nunca mais da minha cabeça. Fillmore Jive, Newark Wilder e Range Life são composições primorosas.

5 Astrud Gilberto - The Astrud Gilberto Album (1964)

A minha iniciação na bossa nova se deu pela voz da Astrud Gilberto. Ela não teve (tem) o vigor de Elis Regina e Nara Leão, ou a delicadeza de Sylvinha Telles (e olha que a Astrud é sensível, viu...), mas é dona da voz feminina que mais me encanta. Nunca vou me esquecer da sensação maravilhosa que tive quando da primeira audição da faixa inicial, Once I Loved. Tive uma súbita certeza de que o restante do álbum seria de uma leveza, de uma singeleza que me marcariam para sempre.

4 Radiohead - Ok Computer (1997)

Foi aqui que eu conheci a minha banda favorita. À primeira audição, desconforto. Após umas dez, a constatação (clichê, quase todos os reviews já disseram, dizem e vão dizer isso, mas aí vai, em palavras minhas): um dos cinco, dez melhores álbuns de rock da história. Let Down, talvez, a canção da minha vida (arrepiei). E Climbing Up the Walls (meu tema stalker, hehe), a mais visceral, sinistra e belamente sombria que já ouvi. A inventividade do Radiohead aqui é algo magistral.

3 Bob Dylan - Blood on the Tracks (1975)

Talvez não seja, melodicamente falando, o melhor trabalho do Dylan. Mas é um vindo da alma de um dos maiores poetas musicais vivos. ALERTA: Simple Twist of Fate, Shelter from the Storm e You're Gonna Make Me Lonesome When You Go podem levar você às lágrimas. Apaixonante.

2 John Coltrane - Coltrane Live at Birdland (1964)

Basta dizer que Afro Blue, Alabama e I Want to Talk About You são as músicas instrumentais de jazz da minha vida, sem exageros. A última faixa citada é arrepiante. E vivo cantarolando loucamente trechos desse álbum por aí. Coltrane foi (é) o maior.

1 Radiohead - The Bends (1995)

Enérgico, melancólico, vibrante. O álbum que reúne tudo aquilo que o Radiohead tem de melhor, num equilíbrio lírico e musical que inexiste em qualquer outro trabalho da banda de rock mais importante dos últimos 20 anos. Amo cada faixa do disco, até mesmo (Nice Dream) e Sulk, underrated ao extremo.


*Quem quiser (noobs) fazer download (ilegal, claro) dos discos deve pedir via comentário.
**Só pra deixar registrado que eu NÃO aderi ao Acordo Ortotrágico.

5 comentários:

  1. Brazilian, gostei da sua lista, mas impagável mesmo é essa sua introdução. Boa ameaça essa de fazer sua cabeça de cinzeiro, não? Resultou num ótimo post! hahaha!

    A lista dos 10+ surgiu após a constatação de que "Anna Júlia" figurava sim entre as 100+ daquela revista famosa? hahahha quando li, imediatamente me lembrei de vc ( e de Vilhena, querida). hahah

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  2. Vc é cult demais, credo. Mas baixá-los-ei IMEDIATAMENTE.

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  3. Gláu, eu não sou cult, sou apenas um velho precoce.

    E Bilu-New-Yorker, Anna Julia só não entrou na lista porque é single e não álbum auehauheau

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  4. Jamile,você tinha que ver a cara do Felipe quando ele viu Anna Júlia na listinha, haha.

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  5. hahahaha

    depois de um mês de retardo, estou aqui lendo os comentários após meu comentário sobre o post.
    Difícil vida de fã do Los Hermanos...

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