sexta-feira, 5 de junho de 2009

Tragédia grega à brasileira

Com caráter musical reforçado, clássico brasileiro Gota d'Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, estreia temporada no Teatro Nacional

Paula Kossatz/Divulgação
Após passagem por Portugal, brasileiros apresentam em Brasília musical sobre mãe que sacrifica a prole para ferir o amado infiel

Marlon Maciel
Especial para o Jornal de Brasília

A equipe que adaptou o clássico brasileiro Gota d’Água não teve que fazer praticamente nada para atualizar sua temática para os dias de hoje. O diretor João Fonseca assim garante sobre a adaptação do musical, que estreia hoje – com temporada até domingo –, na Sala Villa-Lobos: "Na verdade, o texto de Chico Buarque e Paulo Pontes (escrito em 1975) é atualíssimo".

Convidado da atriz Izabella Bicalho (Joana) para assumir a direção do musical, Fonseca afirma que "infelizmente é atual" por causa da situação em que "o poder é concedido a alguém que acaba se aproveitando de outro em condição mais simples". Na adaptação moderna de Medéia, de Eurípides (431 a.C.), com direção musical e músicas adicionais de Roberto Bürgel, a personagem mitológica recebe o nome de Joana, moradora de um conjunto habitacional da periferia, que sustenta dois filhos e o marido e sambista Jasão (Armando Babaioff). Assediado pelo empresário Creonte (Claudio Lins), o músico abandona sua casa para casar-se com Alma, filha do empresário. Desesperada, Joana assassina os filhos e se suicida.

"O texto soava mais forte na época da estreia (quando teve Bibi Ferreira como Joana), mas continua com força", observa Fonseca. Para ele, o momento político atual é diferente daquele vivido na década de 1970, época de ditadura. "A figura da Joana acabava ecoando como um pedido de liberdade", resume o espírito do musical.

Gota D’água – Hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 18h, na Sala Villa-Lobos (Teatro Nacional). Ingressos: R$ 70 (inteira). Não recomendado para menores de 16 anos.

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