domingo, 8 de março de 2009

Sucesso milionário


Com estreia na última sexta, "Quem quer ser um milionário?" lota salas há duas semanas

Marlon Maciel
Especial para o Jornal de Brasília

As pipoqueiras do Cinemark Pier 21 e de vários outros cinemas pelo Brasil funcionaram no limite das últimas duas semanas para cá. Duas funcionárias da lanchonete da rede de cinemas são testemunhas do rebuliço causado por um lugar na poltrona nas sessões lotadas do filme "Quem quer ser um milionário?", que estreou nesta última sexta.

Na sala de cinema à beira do lago Paranoá, a movimentação de pessoas que pediam coisas para comer, beber e beliscar durante as sessões foi intensa. A pré-estreia teve início no dia 20 de fevereiro, exatamente no fim de semana da premiação do Oscar, na qual o filme concorreu a dez estatuetas e levou oito.

Segundo as funcionárias Hellen Tavares, 24, e Cristiane Carvalho, 20, das duas sessões diárias, todas estavam lotadas. "Foi uma verdadeira loucura. O que a gente trabalhou! Meu Deus... Daria para ficar milionária!", brinca Hellen, que acompanhou uma das sessões. "Assisti por curiosidade, já que todo mundo estava assitindo. Então, pensei: também vou assistir porque deve ser muito bom! Achei muito linda e interessante a história. Adorei!", revela do outro lado do balcão.

Dirigido por Danny Boyle e inspirado no livro "Sua resposta vale um bilhão", de Vikas Swarup, "Quem quer ser um milionário?" narra a saga de Jamal, um garoto pobre de uma favela de Mumbai (Índia), que serve chá em uma companhia de telemarketing e tenta reencontrar, desde a infância, a sua amada Latika.

O adolescente vira celebridade ao participar de um programa de TV similar ao Show do milhão brasileiro, no qual pode ganhar 20 milhões de rúpias. A polícia, no entanto, suspeita de fraude. Esta é a trama central da produção do Reino Unido ambientada na Índia, com elenco e grande parte da equipe indianos.

Prazer, felicidade, esperança

A professora da rede pública Fátima Laport, 43, diz acreditar que o Oscar contribuiu para a lotação das salas. Entre outros muitos prêmios anteriores, "Milionário" levou as estatuetas de melhor filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, edição, trilha sonora, canção e mixagem de som.

"Os prêmios da Academia são de caráter comercial também – embora tenha mudado um pouco o conceito do que seja um filme de arte. Acredito que o Oscar influenciou muito", constata Fátima. A professora conta que um dos motivos de ter ido ao cinema foi o diretor Danny Boyle, já que acompanha a carreira dele há algum tempo. "Vejo qualquer filme dele que seja lançado", completa. Bolyle também dirigiu longas como "A praia" (2000) e "Trainspotting - Sem limites" (1996).

O apelo em relação ao desejo de ficar rico da noite para o dia também poderia ser especulado como um dos atrativos do filme. "De repente seja um dos temas da procura. Mas acredito que não seja tão preponderante", comenta Fátima.

A temática do filme foi o segundo motivo que levou a professora ao cinema. Cinéfila de carteirinha, ela afirma ter acompanhado as polêmicas despertadas pelo filme que dividiu crítica e público. "Houveram comparações do filme com 'Cidade de Deus'. É uma espécie de 'Cidade de Deus' sim, com final de 'Cinderela', de love story", avalia. O próprio diretor Danny Boyle já admitiu ser um grande admirador do filme do diretor Fernando Meirelles.

Fátima também elogiou a montagem e a trilha sonora do filme que presta homenagem à Bollywood. O compositor indiano A.R. Rahman saiu da festa com dois prêmios, por trilha sonora e canção original. A trilha inclui a participação da cantora senegalesa Mia. Integra a trilha sonora do longa a canção "Paper planes", que chegou a concorrer na categoria "melhor gravação do ano" no último Grammy.

"O filme transmite algo que muitas vezes a gente procura no cinema, que é o prazer, a felicidade, a esperança". Perguntada se o diretor a decepcionou nesse trabalho, a professora é categórica: "De jeito nenhum. Ele experimenta os estilos. Cada vez que ele faz um filme, ele imprime um estilo completamente diferente dos demais. Eu acho que ele foi ótimo nesse".

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