quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Lonely Heart's Club



Longe de mim escrever uma crítica. Além de não ser nem um pouco preparada para tal, minha cultura limita-se a ser “de tudo um pouco”: uma mistureba de coisas que acabem ganhando importância de acordo com meu estado de espírito esquizofrênico. O que, obviamente, não é garantia de qualidade. A idade é pouca, mas as expectativas e angústias são tamanhas que, às vezes, fica difícil respirar — que dirá saber do que eu gosto ou o que eu quero fazer daqui a cinco, dez anos.

E é justamente essa sensação de não saber o que o futuro reserva que tanto cativa em “Clube dos Corações Solitários”. Como disse antes, isso está longe de ser uma crítica literária. É mais uma reflexão sobre uma obra que, apesar de ter sido feita na nada saudosa década de noventa, não poderia ser mais atual.

Digo isso consciente de que estou olhando por um prisma completamente pessoal. Foi inevitável, paixão desde o primeiro parágrafo, impossível deixar de se identificar. O lead singer é André Takeda, vulgo Spit, um estudante de jornalismo fissurado por música. A impressão que dá é que Spit é a personificação do verso “Quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos” — originalmente composto por Fábio Júnior, mas que realmente ganhou o fôlego e a força que merecia com os vocais nervosos dos inesquecíveis Raimundos. Confuso, sensível e talentoso, Spit é, para mim, uma espécie de Bridget Jones com bom gosto musical. E homem, claro.

Como saber que trocamos, definitivamente, a adolescência pelo mundo adulto? Precisamos mesmo deixar a adolescência para trás? Essa incansável busca por conhecimento, especialmente sobre seus próprios sentimentos, nos leva à uma viagem irresistível por um universo em que bebedeiras homéricas, shows de rock e divagações sobre temas universais que perturbam até o sentimental mais desencanado, como amor e a dor de ver-se rejeitado por quem ama (ou, pelo menos, acha que ama), são a regra. Com uma simplicidade apaixonante, André apresenta seu grupo de amigos que poderiam ser os meus, ou os seus. É o tipo de livro que, de tão parecido, faz o leitor se sentir roubado.

“Clube dos Corações Solitários” é a síntese da juventude. É o medo que se tem de sair de casa, de ficar desempregado, de acabar sozinho, de se decepcionar, de amar. É a vontade de gritar, sumir, beber até esquecer o nó na garganta, tomar Coca-Cola no café da manhã e capucchino no aeroporto. É descobrir que cresceu. A fórmula não é das mais inovadoras, mas funciona.


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