
Não posso deixar de citar esse nome que marcou a minha vida. Foi amor à primeira vista. Falar sobre Fernando Pessoa é falar sobre sentimentos que se afloram em minha alma. Nos versos desse poeta se entrelaçam os minhas angústias, temores e desejos. É impossível descrever, sem misturá-lo comigo. Parece que cada palavra sua foi escrita com o propósito de tocar meu coração, e acredito que também toque muitos que conhecem sua lírica.
Falem de Clarice, de Drummond, ou de Camões, mas a minha paixão é Pessoa. Nas suas três personalidades, nas suas rimas ricas e nos seu pessimismo romântico mora a clareza do pensamento e a multiplicidade do ser humano. Uma multiplicidade que tanto confundem alguns e que só é compreensível para quem carrega essa pluralidade. A inquietação da alma, e a capacidade de ser mutante, típica dos geminianos, que não sabemos se é uma dádiva ou uma maldição, é descrita pelo poeta português com uma grande facilidade.
Ele conseguiu passar para o papel dúvidas e questionamentos da alma, que jamais consegui descrever. E que acredito não possuir respostas, mas que fazem me sentir mais confortável em saber que não estou sozinha em meus anseios, alguém compartilhava das minhas emoções. E o que é a poesia se não um meio de expor o que sentimos? De se fazer compreender? Para mim é isso. E isso é o que Fernando Pessoa consegue, cativar a minha atenção e me fazer sentir uma alma gêmea de sua alma. A vontade de mostrar ao mundo um turbilhão de emoções que existem dentro de nós e que em poucos minutos se desfazem, e não sabemos porque. Uma eterna busca por respostas internas. Um coração confuso e perdido diante de um mundo muitas vezes incompreensível. Ler Fernando Pessoa e não se identificar é pouco provável, dada à versatilidade de sua obra que consegue tocar os mais diversos corações.
O autoconhecimento é um dos termos que podemos usar para caracterizar suas poesias. A busca pelas “metades” de nossa alma se faz presente durante a vida, e foi isso que Pessoa buscou em sua jornada. A criação de seus heterônimos, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, e Alberto Caeiro, com suas diversas características representam a riqueza de personalidades do poeta. Em um momento ser nada, e em outro ser tudo. Somente quem tem esse turbilhão de emoções consegue entender a necessidade de colocar em ordem seus pensamentos.Navegar dentro de si.É nessa viagem que Fernando Pessoa consegue nos tocar e descrever sentimentos tão belos e complexos do ser humano, como a paixão, a melancolia, a saudade, e em especial o amor. O amor tão complicado de se entender, e de sentir, consegue ser representado com cuidado e total delicadeza pelo poeta português. Peço desculpas pelo sentimentalismo exarcebado nessas palavras que escrevi, mas é impossivel falar de Fernando Pessoa e não se desmachar. Penso que para cada momento de nossas vidas existem versos desse poeta que se encaixam perfeitamente, então, nada melhor do que palavras suas para encerrar essa retórica.
"Tenho tanto sentimento ,que é freqüente persuadir-me,de que sou sentimental, mas reconheço, ao medir-me, que tudo isso é pensamento, que não senti afinal. Temos, todos que vivemos, Uma vida que é vivida e outra vida que é pensada, e a única vida que temos é essa que é dividida, entre a verdadeira e a errada. Qual porém é a verdadeira e qual errada, ninguém nos saberá explicar; e vivemos de maneira que a vida que a gente tem é a que tem que pensar". (Fernando Pessoa)
Pessoa se permitiu ser vários, coisas que todos nós desejamos em segredo.
ResponderExcluirAdorei, Vi. Parabéns. Um viva ao amor aos poetas.
Sorte desses poetas de serem amados no silêncio de quem os lê. Acho que isso também é o que nós, meros mortais pretensos escritores, buscamos muitas vezes.
ResponderExcluirE creio que o Pessoa é um dos mais amados, ao menos Vilhena e eu somos suas amantes poéticas declaradas! hehe.
"Tenho me mim todos os sonhos do mundo".